O Mónaco é sinónimo de ostentação e riqueza, mas também é sinónimo de Fórmula 1. Ou da falta dela. Para muitos este é considerado o Grande Prémio mais aborrecido da temporada, já que as estradas do Principado não permitem grandes ultrapassagens. Ainda assim, ao contrário do que se diz, esta edição começou logo com um cenário que quebra o dizer popular: a Red Bull não liderou nenhuma sessão de treinos livres, ficou fora do pódio na qualificação e Max Verstappen perdeu a oportunidade de superar o recorde de oito pole positions consecutivas de Ayrton Senna. O culpado disso foi… Charles Leclerc, o homem da casa.

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Apesar dos sinais animadores, Leclerc sabe melhor do que ninguém que o Grande Prémio do Mónaco só termina quando a bandeira de xadrez for exibida junto à linha de meta. Esta é a terceira vez que o piloto sai do primeiro lugar da grelha partida, mas nas duas ocasiões anteriores não conseguiu terminar no pódio. Em 2021 não chegou a começar a corrida porque bateu com o monolugar na qualificação e, em 2022, seguia na frente quando um erro de estratégia fê-lo cair para quarto.

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“É sempre especial conseguir a pole position. O entusiasmo é muito grande, estou muito contente com a volta. Sei que, na maioria das vezes, a qualificação não garante nada. Ajuda, mas temos de fazer tudo na corrida. [Em 2024] a Ferrari está mais forte, por isso vamos conseguir. Preciso de uma boa largada, espero que o Carlos [Sainz, colega de equipa] me consiga acompanhar e possamos ser primeiro e segundo, o que seria o cenário ideal”, afirmou o monegasco após a qualificação, relembrando os episódios de 2021 e 2022.

“Não estou desapontado com a posição, estou desapontado com o desempenho. Tentámos muitas coisas no carro e nada fez com que melhorasse, por isso ficámos presos. Estamos muito mal no segundo setor porque não posso tocar em nenhum corretor. Isso perturba demasiado o carro. Perde-se muito tempo por volta e é incrivelmente difícil. Fomos muito bons nas zonas de média e alta velocidade, onde não há tantos ressaltos. Senti-me muito confortável aí e até foi muito divertido pilotar, mas perdemos demasiado em todas as zonas de baixa velocidade. O carro parece um kart”, disse, por sua vez, Verstappen, deixando muitas críticas ao trabalho desenvolvido pela Red Bull no Mónaco.

Outra das particularidades da edição deste ano do Grande Prémio monesgasco prendeu-se com a eliminação de Sergio Pérez, da Red Bull, e Fernando Alonso, da Aston Martin, dois pilotos que já triunfaram no Mónaco, logo na Q1. Esse fator explicou-se pelo elevado tráfego na pista na altura em que o mexicano e o espanhol tentavam sair do 18.º e 16.º postos, respetivamente. Mas não conseguiram e largaram da parte final da grelha.

Com Mbappé – deu a bandeirada final da corrida – e Van Dijk entre os muitos ilustres presentes no Grande Prémio do glamour, o arranque acabou por revelar-se fatal e levou a que a corrida estivesse parada durante mais de 45 minutos. Quem inspirou mais cuidados foi Pérez que, depois de sofrer um toque de Kevin Magnussen, perdeu o controlo do monolugar e embateu contra as barreiras e os Haas do dinamarquês e de Nico Hulkenberg. Sainz também teve problemas, ficando com um pneu furado após tocar no McLaren de Oscar Piastri. No meio dos incidentes, os Alpine de Pierre Gasly e Esteban Ocon ainda colidiram.

Já sem o mexicano, os pilotos da Haas e Ocon, a partida foi repetida, dado que a primeira volta não foi corrida na totalidade. Sem contactos no arranque, Leclerc, Piastri e Sainz mantiveram as primeiras posições, com o espanhol a pressionar o australiano em busca do segundo lugar. A partir da volta 21, com o McLaren no seu alcance, o monegasco entrou no seu melhor ritmo e afastou-se de Piastri. Por sua vez, Lando Norris começou a aproximar-se do pódio, mas a falta de momentos de ultrapassagem mantinha o top 10 igual ao do início.

Na volta 50, Lance Stroll teve um furo no pneu traseiro esquerdo e caiu de 12.º para o 16.º e último lugar. Seguiu-se o jogo das boxes, com Lewis Hamilton a ser o primeiro piloto do top 10 a trocar de pneus. Verstappen respondeu, mas continuou tudo na mesma. A primeira ultrapassagem da corrida apareceu à volta 54, quando Valtteri Bottas passou por Logan Sargeant. Stroll respondeu e, quase de uma assentada, ultrapassou Guanyu Zhou e o norte-americano.

Mais à frente, Verstappen aproximou-se de George Russell e pressionou o piloto da Mercedes, à semelhança de Sainz, que voltou a chegar perto de Piastri. Apesar das ameaças, o top 10 não sofreu nenhuma alteração e terminou como começou. Leclerc conseguiu a primeira vitória no Grande Prémio do Mónaco e somou o sexto triunfo da sua carreira. Piastri ficou em segundo, registando o seu primeiro pódio em 2024. A fechar o top 3 ficou Sainz. Verstappen, o líder do mundial, não conseguiu melhorar o sexto posto.