O ex-diretor da agência dos serviços secretos israelitas no exterior, Yossi Cohen, terá ameaçado a anterior procuradora do Tribunal Penal Internacional (TPI), Fatou Bensouda, numa série de reuniões secretas em que tentou forçá-la a abandonar uma investigação de crimes de guerra, revela uma investigação do jornal britânico The Guardian.

Os contactos de Yossi Cohen com a então procuradora do TPI, Fatou Bensouda, terão acontecido nos anos que antecederam a sua decisão de abrir uma investigação formal sobre alegados crimes de guerra e crimes contra a humanidade nos territórios palestinianos ocupados. O caso remonta a 2015, quando Fatou Bensoudar resolveu iniciar uma investigação preliminar sobre a situação na Palestina.

Mas foi só em dezembro de 2019 que Bensouda anunciou que tinha motivos para começar uma investigação criminal formal sobre alegações de crimes de guerra em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. A partir dessa altura, Cohen, então diretor da Mossad (cargo que ocupou até 2021) intensificou as ameaças e as tentativas de persuadir a procuradora a não prosseguir com uma investigação completa caso os juízes dessem luz verde, revela a reportagem do jornal britânico.

O processo só seria aberto em 2021 e acabou por incluir o que se passou em Israel, Gaza e nos territórios ocupadas da Cisjordânia e Jerusalém Oriental a partir dos ataques do Hamas em 7 de outubro do ano passado.

E foi já o sucessor de Bensouda, Karim Khan, quem solicitou a emissão de mandados de captura contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar.

Várias fontes confirmaram ao The Guardian que Bensouda foi durante vários anos alvo de “ameaças, manipulação e perseguição” por parte de Cohen, com o objetivo de fazer cair a investigação. Outras fontes confirmaram que Bensouda informou um grupo de funcionários do TPI sobre as tentativas de influência e ameaças de Cohen.

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