A Associação de Russos Livres vai homenagear dia 4 de junho, em Lisboa, o falecido opositor russo Alexei Navalny, numa marcha também contra o “regime ilegítimo” de Vladimir Putin e a guerra na Ucrânia.

Os ativistas, que se vão concentrar no Memorial a Navalny, na Rua Visconde de Santarém, em Lisboa, pretendem utilizar máscaras com o retrato do opositor russo e marchar rumo à Praça dos Restauradores “ao som de canções antiguerra e declarando citações de Alexei”, adiantou esta sexta-feira, em comunicado enviado à agência Lusa, a Associação de Russos Livres.

O evento foi marcado para o dia em que nasceu o carismático defensor da luta contra a corrupção na Rússia, que morreu em fevereiro aos 47 anos sob detenção das autoridades russas e em circunstâncias ainda pouco claras.

“Queremos dizer que o regime de Vladimir Putin é ilegítimo, que a atual guerra tem de acabar e que as tropas têm de ser retiradas de toda a Ucrânia. Queremos também apelar aos russos que se encontram em relativa segurança no estrangeiro para agirem. E, aos russos sob o regime repressivo de Putin, pedimos que mantenham a fé de que a derrota deste regime é inevitável. O Alexei pediu-nos para não desistirmos. E nós não desistiremos”, pode ler-se na nota.

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Os ativistas russos denunciaram ainda que o memorial a Navalny tem sido “frequentemente vandalizado por ‘putinistas’ locais”, com desenhos com a letra ‘Z’ [letra pintada nos veículos militares russos usados na invasão da Ucrânia], cortes ou roubos.

E acrescentaram que o memorial está a ser restaurado enquanto trabalham com as autoridades locais para colocar no mesmo espaço “um memorial de pedra resistente ao vandalismo”.

Os ativistas russos defenderam ainda a alteração do nome de parte da rua onde está localizada a Embaixada da Rússia em Lisboa, para “honrar simultaneamente Navalny e Boris Nemtsov”, este último também figura da oposição e que foi morto a tiro numa ponte perto do muro do Kremlin, em 2015.

“Gostaríamos que os representantes oficiais russos — os funcionários da Embaixada —, além dos próprios cidadãos russos, recordassem o sacrifício destas pessoas e a sua fé num futuro onde a Rússia seja livre e pacífica”, destacaram.

A Associação de Russos Livres sublinhou também, no comunicado, que Navalny morreu pouco tempo antes da manifestação “Meio-dia contra Putin”, organizada pela oposição russa para as eleições de março, e duas semanas depois do opositor a ter apoiado.

“A ação foi uma impactante resposta visual à repressão e à fraude no dia da pseudoeleição de Putin. Ao meio-dia de 17 de março, as pessoas aglomeraram-se em protesto nas assembleias de voto. Uma sondagem à boca das urnas, feita na Embaixada da Rússia em Lisboa, revelou que Putin obteve apenas 9% dos votos em Portugal”, sublinhou esta associação.

Crítico declarado do regime do Presidente russo Vladimir Putin e carismático defensor da luta contra a corrupção, Navalny morreu aos 47 anos.

Os serviços prisionais disseram que sofreu um colapso súbito após uma caminhada na colónia penal do Ártico onde cumpria uma pena de 19 anos por extremismo e a certidão de óbito menciona causa natural.

Os seus associados, a viúva Yulia Navalnaia e muitos líderes ocidentais acusam Putin de ser o responsável pela morte de Navalny. A Presidência russa negou tais acusações.