O porta-voz do MPLA disse nesta sexta-feira que um eventual terceiro mandato do Presidente angolano, João Lourenço, é um “não assunto” e uma discussão “extemporânea” para o partido, que está focado no processo autárquico.
Esteves Hilário, que promoveu nesta sexta-feira um encontro com jornalistas e fazedores de opinião, em Luanda, afirmou que as estruturas do partido estão “coesas”, com os seus órgãos a funcionar na plenitude, e garantiu que o MPLA está “de boa saúde”.
“Tudo o resto que se diz são especulações e antecipação de assuntos que serão discutidos no congresso ordinário de 2026 (…)”, previsto para dezembro, disse o secretário do Bureau Político para a Informação e Propaganda do MPLA.
As próximas eleições gerais em Angola realizam-se em 2027 e tem-se especulado sobre um eventual terceiro mandato do atual Presidente, João Lourenço, também líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que foi reeleito em 2022, apesar da Constituição angolana só prever dois mandatos consecutivos.
“Isso para nós é um não assunto, não está na nossa agenda política (…) é extemporânea essa discussão”, sublinhou o também jurista e docente universitário, acrescentando que o foco da agenda política de 2024 é “consolidar as (…) estruturas de base para o processo autárquico que vem por aí”.
Questionado sobre uma eventual revisão constitucional, considerou que “não há razões” para falar no assunto, que também não faz parte da agenda política.
Para Esteves Hilário, o MPLA respeitou e respeita a Constituição, que é “a bússola orientadora da (…) vida nacional”, por isso, “não está em causa qualquer tentativa de desrespeito” à lei magna angolana.
O porta-voz afirmou que os estatutos do MPLA permitem que qualquer militante se possa candidatar, notando que a última palavra sobre o candidato às eleições de 2027 cabe ao Comité Central, órgão deliberativo máximo do partido.
Respondendo ainda aos jornalistas, Hilário sublinhou que não há uma “crise política”, mas sim “desafios económicos” que resultam das reformas que estão a ser postas em prática, admitindo que estas estão a ter custos na popularidade do chefe de Estado e presidente do partido.
O também deputado da Assembleia Nacional falou sobre a institucionalização das autarquias, tema em debate atualmente no parlamento, já que estão em fase de aprovação as últimas leis do pacote autárquico.
Quanto a um eventual substituto para João Lourenço, disse ser “muito cedo para discutir isso”.
“O Presidente está a governar o país e o partido da melhor maneira possível dentro das circunstâncias económicas e políticas que o mundo vive e nós temos de deixá-lo trabalhar”, continuou o dirigente do MPLA.
Esteves Hilário sublinhou que não há, “a curto, médio ou longo prazo, qualquer risco de instabilidade no país” e que o MPLA, no poder desde 1975, é um garante de estabilidade.
Admitiu, no entanto, que as “reformas muito profundas” que estão a ser feitas na estrutura do Estado, estão a ter custos para o partido, uma responsabilidade que o MPLA assume.
“Quem governa tem de assumir o ónus da impopularidade, às vezes, se esse for o caminho para salvar o país”, vincou.
“Não estamos muito preocupados com o nível de popularidade do Presidente, João Lourenço, estamos preocupados é com a qualidade das reformas que estão a ser feitas”, frisou o responsável, acrescentando que o povo angolano “gosta” do MPLA.
“Pode estar insatisfeito com algumas coisas, mas não deixou de gostar do MPLA”, disse Esteves Hilário.