Cerca de 100 pessoas desfilaram este sábado na 6.ª Marcha LGBTI+ em Aveiro, uma “grande mobilização” que para a organização “tem significado especial” no ano em que se comemoram os 50 anos do 25 de Abril.
A abrir a marcha, que percorreu a avenida Lourenço Peixinho até ao Rossio, estavam dois dançarinos que iam acenando para os transeuntes, e atrás deles seguiam os manifestantes animados por megafones, ao som de palavras de ordem como “Nem menos, nem mais – Direitos iguais” ou “Eu amo quem quiser tenha o género que tiver”, e com cartazes com dizeres como “o amor não cabe no armário” ou “menos André Ventura, mais Beyoncé”.
Em declarações à Lusa, Nuno Alexandre, da organização, destacou a “grande mobilização” alcançada, adiantando que esta marcha “tem um significado especial”, no ano em que se comemoram os 50 anos do 25 de Abril.
“Nós hoje estamos aqui para celebrar as conquistas alcançadas nos últimos 50 anos e também para continuarmos a lutar contra o ódio e a divisões que ainda se fazem sentir na sociedade portuguesa, principalmente com o crescimento da extrema-direita”, afirmou.
Este estudante universitário, de 21 anos, considera que é crucial continuar a sair à rua em Aveiro e em todo o país, contra o que considera serem preconceitos na sociedade portuguesa.
“Ainda hoje, a nossa comunidade é discriminada no acesso à saúde e à habitação. No caso da habitação, as pessoas LGBTIQA+, ainda são confrontadas com obstáculos. São vítimas do preconceito, para além do preço exorbitante das rendas em Portugal”, referiu.
No manifesto que foi lido no final do desfile, os organizadores alertaram para o aumento da violência e do racismo em Portugal e criticaram o presidente da Assembleia da República por, escudando-se do parlamento no direito à liberdade de expressão, ter permitido um discurso de André Ventura, líder do partido Chega, com referências depreciativas ao povo turco.
“A liberdade de expressão, um direito democrático fundamental, jamais pode confundir-se com a liberdade para ofender e atacar outras pessoas e grupos. Portanto, senhor presidente da Assembleia da República não confunda racismo com liberdade de expressão. O líder da extrema-direita não pode ofender as pessoas num parlamento democrático”, afirmaram, em referência a André Ventura.
Alertaram ainda para o crescimento de ataques homofóbicos nas escolas, lembrando o episódio na Universidade de Aveiro, em 2022, com um professor que “incitou à violência e que acabou suspenso”, afirmando esperar que o docente “não volte a dar aulas na Universidade”.
Por fim, deixaram críticas ao Plano Municipal para a Igualdade do município de Aveiro, considerando que se trata de “um plano pobre e bastante limitado”.
“Primeiro, parece que têm medo de evocar a sigla LGBTQIA+ e, depois, é na realidade um plano bafiento e conservador com muita coisa escrita, mas que na realidade é só para Aveiro poder afirmar que tem um plano e para nos atirar areia para os olhos”, refere o manifesto, repudiando ainda o facto das freguesias de Aveiro e do próprio executivo municipal não terem assinalado o Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia.
A marcha chegou cerca das 18h00 ao largo do Rossio, onde foram lidos vários manifestos, seguindo-se, à semelhança de anos anteriores, uma “after-party”, a partir das 21h00, com a participação de vários artistas convidados, animação e celebração pela noite dentro.