Philippe Lazzarini, o chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA), anunciou este sábado a suspensão dos trabalhos da agência em Rafah e a mudança para a cidade de Khan Younis, também no sul da Faixa de Gaza.
“A UNRWA teve de interromper os serviços de saúde e outros serviços essenciais em Rafah”, disse Lazzarini nas redes sociais.
“Estamos agora a trabalhar a partir de Khan Younis e das zonas do centro, onde vivem 1,7 milhões de pessoas”, referiu.
Lazzarini disse que todos os 36 abrigos da agência em Rafah, “onde as pessoas devem estar sempre protegidas sob a bandeira da ONU”, estão agora vazios.
Lembrou que mais de um milhão de pessoas, na maioria deslocados, foram obrigadas a fugir do local, que conta com 1,4 milhões de habitantes, desde que as forças israelitas lançaram uma ofensiva em 10 de maio.
End of May in #Gaza:
— Philippe Lazzarini (@UNLazzarini) June 1, 2024
???? More than 1 million people - most displaced several times- forced to flee once again, in search of safety that they never find.
????All of our 36 @UNRWA shelters in #Rafah are empty now. This is where people seek shelter & should be protected at all times… pic.twitter.com/kcukoLU1XP
A agência retomou as operações em Khan Younis, “apesar dos danos causados a todas as suas instalações” pelo exército israelita, que terminou em abril a ofensiva na cidade situada a cerca de 10 quilómetros de Rafah.
O chefe da UNRWA também denunciou que a agência só conseguiu recolher “pouco menos de 450 camiões” nas últimas três semanas, apesar de serem necessários “pelo menos 600 camiões de abastecimentos por dia”, e que o combustível é escasso.
De acordo com Lazzarini, basta que “as autoridades israelitas deem luz verde” para que as equipas da UNRWA procedam à recolha dos camiões com ajuda.
“A destruição trará mais destruição, mais dor, mais raiva e mais perdas para palestinianos e israelitas”, afirmou o chefe da agência da ONU.
“Todas as atenções estão viradas para a proposta de acabar com esta guerra através de um cessar-fogo, da libertação de todos os reféns e de um fluxo substancial e seguro de fornecimentos urgentemente necessários para Gaza”, acrescentou.
Israel manteve os ataques em Rafah, onde diz estarem os últimos batalhões do grupo extremista palestiniano Hamas, apesar de o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) ter ordenado, em 24 de maio, a suspensão imediata da ofensiva.
As decisões do TIJ, o órgão jurisdicional da ONU, são vinculativas, mas o tribunal não tem meios de fazê-las cumprir.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita em 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos, segundo Israel.
O Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, disse que a ofensiva lançada por Israel depois do ataque já provocou mais de 36.300 mortos e a destruição de muitas infraestruturas do enclave palestiniano.