A Islândia é o país mais pacífico do mundo, segundo o Índice Global da Paz (IGP) 2024, divulgado esta terça-feira pelo Institute for Economics and Peace (IEP), enquanto os conflitos atingiram o seu maior número desde a II Guerra Mundial.

Segundo o IGP, a Islândia, a Irlanda, a Áustria, a Nova Zelândia, Singapura, a Suíça, Portugal, a Dinamarca, a Eslovénia e a Malásia são, por ordem, os 10 países mais pacíficos do mundo entre as 163 nações que constam do estudo.

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Os dez piores colocados no ranking são, em último lugar, o Iémen (163.º lugar) precedido do Sudão, Sudão do Sul, Afeganistão, Ucrânia, República Democrática do Congo, Rússia, Síria, Israel (155º) e Mali (154º).

O conflito na Faixa de Gaza teve um impacto muito forte na paz global, com Israel (155 º- queda de 11 posições) e a Palestina (145º – queda de nove posições) a registarem uma forte deterioração no índice de paz. Equador (130º posição), Gabão (118º) e Haiti (143º) foram outros países com grandes deteriorações no índice de paz, segundo o estudo.

El Salvador (107º) teve a maior melhoria no índice, devido a evolução muito significativa no indicador da taxa de homicídios e a melhoria da perceção de segurança dos cidadãos ao longo dos últimos anos. Emirados Árabes Unidos (53º), Nicarágua (113º) e a Grécia (40º) também registaram melhorias significativas na paz.

A Europa é a região mais pacífica do mundo e as zonas do Médio Oriente e o norte de África continuam a ser as menos pacíficas.

A América do Norte registou a maior deterioração média de todas as regiões. No entanto, apesar dessa deterioração, continua a ser a terceira região mais pacífica do mundo, atrás da Europa e Ásia-Pacífico.

O relatório concluiu também que muitas das condições que precedem os grandes conflitos estão mais elevadas em relação ao que tivemos desde a final da Segunda Guerra Mundial. Existem atualmente 56 conflitos ativos, o maior número desde o final da II GM, e temos também menos conflitos a serem resolvidos, seja militarmente ou através de acordos de paz.

Os conflitos também estão a tornar-se mais internacionalizados, com 92 países agora envolvidos em guerras para além das suas fronteiras, o maior número desde a criação do Índice Global da Paz em 2008, complicando os processos de negociação para uma paz duradoura e prolongando as hostilidades.

“A internacionalização do conflito é impulsionada pelo aumento da competição entre grandes potências e pela ascensão de potências de nível médio, que estão a tornar-se mais ativas nas suas regiões”, indicou o relatório.

Embora as medidas de militarização tenham melhorado durante os primeiros 16 anos do IGP, a tendência se inverteu e em 2024 a militarização aumentou em 108 países. De acordo com o estudo, a combinação desses fatores significa que a probabilidade de outro grande conflito é maior do que em qualquer momento desde o início do GPI.

Os resultados desse ano revelaram que o nível médio de paz deteriorou-se em 0,56%. Cerca de 65 países melhoraram o seu índice de paz, entretanto, 97 nações tiveram uma queda no ranking, o pior resultado num único ano desde o início do IGP.

O impacto económico da violência na economia global em 2023 foi de 19,1 biliões de dólares em termos de paridade de poder de compra (PPC). Este valor equivale a 13,5% da atividade económica mundial (produto mundial bruto) ou 2.380 dólares por pessoa.

As despesas militares e de segurança interna representaram mais de 74% do total impacto económico da violência, com os gastos militares respondendo por 8,4 biliões de dólares no ano passado.

Muitos países experimentaram enormes quedas no Produto Interno Bruto (PIB) como resultado de conflitos violentos durante 2023. A economia da Ucrânia encolheu cerca de 30% em 2022 como consequência da invasão russa, embora algumas estimativas sugiram que a guerra civil síria levou a uma queda de 85% do PIB.