Os Ministérios dos Negócios Estrangeiros da França, Alemanha e Reino Unido “condenam as últimas medidas do Irão” que, segundo a AIEA, “visam uma maior expansão do seu programa nuclear”.

A Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) referiu que o Irão continua a expandir as suas capacidades nucleares, enquanto numa declaração conjunta, a França, Alemanha e o Reino Unido condenaram o Irão por tomar “medidas adicionais que esvaziam o Plano de Ação Conjunto Global (sigla em inglês JCPoA) do seu conteúdo”, referindo-se ao acordo de Viena sobre o programa nuclear iraniano assinado em 2015.

Uma fonte diplomática classificou, no entanto, este desenvolvimento, de “moderado”.

A moção apresentada pelo Reino Unido, França e Alemanha teve a oposição da China e da Rússia na reunião do Conselho da AIEA, composto por 35 países, tendo sido a primeira do género a ser aprovada desde novembro de 2022.

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Na sexta-feira, a AIEA confirmou que o Irão instalou mais centrifugadoras de enriquecimento de urânio nas suas instalações de Fordo e Natanz.

“O diretor-geral da organização, Rafael Grossi, informou os Estados-membros da organização na quinta-feira sobre os novos desenvolvimentos nas atividades do Irão em relação ao enriquecimento” de urânio, disse um porta-voz da AIEA em declarações à agência Europa Press.

Segundo o porta-voz, “os inspetores da AIEA verificaram em 10 de junho, na central-piloto de enriquecimento de combustível de Natanz, que o Irão estava a alimentar hexafluoreto de urânio empobrecido (UF6) em três cascatas, uma das 20 centrifugadoras IR-4, uma das 20 centrifugadoras IR-6 e uma das 20 centrifugadoras IR-6, para produzir UF6 enriquecido em até 2% de urânio-235 (U-235)”.

O Irão informou a AIEA, também em 10 de junho, sobre os seus planos para “instalar 18 cascatas de centrífugas IR-2m em Natanz”, disse ainda o porta-voz, antes de revelar que Teerão informou igualmente a agência que instalará oito cascatas com centrífugas IR-2m 6 em Fordo “nas próximas três ou quatro semanas”.

Finalmente, o porta-voz da AIEA observou que “os inspetores da agência verificaram em 11 de junho que o Irão havia concluído a instalação de centrífugas IR-6 em duas das cascatas e que a instalação de centrífugas IR-6 em quatro cascatas adicionais já estava em andamento nas instalações de Fordo”.

Teerão classificou a resolução que foi votada na reunião do Conselho da AIEA como “precipitada e imprudente”, sendo que esta surgiu num momento de impasse sobre a escalada das atividades nucleares do Irão e entre os receios das potências ocidentais de que o Irão esteja a tentar criar uma arma nuclear, o que o Teearão nega.

Segundo a AIEA, o Irão é o único Estado não-detentor de armas nucleares a enriquecer urânio até ao elevado nível de 60% – próximo do grau de qualidade militar -, enquanto continua a acumular grandes reservas de urânio.