Viabilizar o Orçamento do Estado para 2025 é a atitude de maior racionalidade que o PS pode tomar, diz o comentador e ex-líder do PSD, Luís Marques Mendes, no comentário habitual na SIC. Mas o Governo, acrescenta, tem vantagem em negociar previamente o documento fundamentalmente com o PS.

E devido à racionalidade para o PS de viabilizar a proposta orçamental, Marques Mendes considera haver condições para Orçamento passar. Até porque Pedro Nuno Santos, líder socialista, pode ter mais interesse em haver eleições autárquicas antes de legislativas. Ainda que haja sempre a dificuldade para um partido viabilizar orçamentos de Governos de oposição. Mas há condições para isso, por vários motivos no entender de Marques Mendes.

Em primeiro é “o que o país deseja” e, por isso, “se o PS fizer isso, fica bem visto perante o país”. Por outro lado, Pedro Nuno  não comprará divisões internas – a começar pelos autarcas. E, finalmente, “não corre o risco de ir a eleições e perder”, o que podia “comprometer a sua liderança”.  Por isso para o comentador, a Pedro Nuno Santos, “provavelmente, interessa mais realizar autárquicas primeiro, e que pode ganhar — o PSD tem mais dificuldade, nomeadamente com a concorrência do Chega”.

Do lado do Governo, Marques Mendes também entende que tem toda a vantagem em negociar previamente com o PS. Para não correr o risco de o Orçamento que passar no Parlamento “ficar desfigurado, e então é pior a emenda que o soneto”. “Se negociar pode ter um Orçamento coerente”. O melhor é negociar, já em setembro, como costumava fazer António Guterres, privilegiando o PS. Marques Mendes entende, por outro lado, que neste momento nem AD nem PS têm vantagens em provocar uma crise políticas que levem a eleições antecipadas. A AD que poderia voltar a ganhar continuaria longe de uma maioria absoluta. E o PS, mesmo que ganhasse, também não deveria conseguir maioria para formar Governo. E assim, “se houver racionalidade e bom senso”, o mais provável é que este Governo dure, pelo menos, até 2026, mais dois anos.

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As eleições europeias permitiram, mesmo, “a todos tirar a conclusão que não é vantajoso para ninguém eleições antecipadas”. Na leitura deste ato eleitoral de 9 de junho, Marques Mendes ainda antecipa que a IL — que teve bons resultados nas europeias e as legislativas não lhe tendo corrido mal — está, agora, perante um desafio, ambicionar chegar ao Governo. E assim nas próximas legislativas, a IL terá de pensar se não será inevitável coligar-se com a AD, realçando a importância para a estabilidade. “Será bom para estabilidade se se entenderem” e por isso, “vai ser inevitável, mais ano menos ano, uma coligação a três”, sustenta. Já no caso do Chega, que teve um revés nas europeias, o futuro dirá se o recuo que teve foi um percalço ou uma tendência. Mas o crescimento do Chega vai depender muito do Governo. “Se o Governo governar bem, o Chega tenderá a não crescer. Se o Governo falhar, o Chega voltará a crescer”.

Por isso o Governo tem “de continuar a ter forte iniciativa”, para não ser acusado de ter tomado iniciativa por causa das europeias. E elogia as medidas na educação (uma boa decisão), mas também na imigração (que o ex-líder do PSD considera correta do ponto de vista político, mas arriscada do ponto de vista económico). Marques Mendes clama, ainda assim, por outras iniciativas: o pacote contra a corrupção; a redução do IRC; a revisão do regime de atualização de pensões; a revisão do estatuto dos ex-combatentes.

Numa última análise às europeias, Marques Mendes considera que o Presidente da República foi, também, indiretamente, um vencedor, porque pode conseguir não ter de fazer nova dissolução até ao final do mandato. “Saiu-lhe a sorte grande”.