Chegou a hora de todas as decisões, as primeiras deste Europeu na fase de grupos. Depois de dez dias intensos e repletos de grande futebol, a partir deste domingo começou a definir-se a corrida ao título de campeão da Europa. Em Estugarda, Escócia e Hungria entraram em campo a lutar apenas pelo apuramento para os oitavos de final, embora estivessem ambas dependentes de terceiros.

O Exército Tartan chegou a este encontro com um importante ponto conquistado frente à Suíça (1-1), que lhe permitia continuar a sonhar com o segundo lugar do grupo A. Contudo, a goleada sofrida na ronda inaugural diante da Alemanha (5-1) continuava a pairar sobre a equipa escocesa. Steve Clarke apostou no 5x4x1 nas duas primeiras partidas, pelo que se perspetivava a continuidade do mesmo sistema.

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Mais difíceis estavam as contas dos Magyarok à partida para a derradeira jornada, já que a formação comandada por Marco Rossi sabia que não conseguiria o apuramento direto. A Hungria estava, assim, obrigada a vencer para sonhar com o apuramento como um dos quatro terceiros melhores classificados, embora estivesse dependente de várias equipas.

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No primeiro encontro de sempre entre as duas seleções numa fase final, Tierney (lesionado) e Porteous (castigado) foram baixas na Escócia, obrigando Clarke a lançar McKenna na defesa. Já a Hungria mudou duas peças no onze inicial, com Styles e Botka a renderem Nagy e Fiola. Apesar das mudanças, as duas equipas não desfizeram o esquema tático com cinco defesas e os primeiros minutos revelaram-se pouco produtivos em termos ofensivos, com o jogo a discutir-se na zona do meio-campo dado o encaixe tático das formações.

Os escoceses assumiram o controlo do jogo, construindo-o desde a linha mais recuada. Com um futebol mais direto e de transições, os húngaros tiveram a primeira ocasião da partida, obrigando Gunn a aplicar-se a um remate de Bolla (8′). Como o jogo muito amarrado, os magiares subiram no terreno na parte final do primeiro tempo, tiveram oportunidades por Orbán (41′) e Szoboszlai (45+1′), mas o empate sem golos prevaleceu ao intervalo.

Na etapa complementar o jogo animou, a Escócia lá conseguiu fazer o primeiro remate à baliza de Gulácsi, mas a Hungria continuou mais perigosa. Aos 64 minutos, Dárdai apareceu a cabecear após um canto estudado, mas o remate saiu por cima. Pouco depois, o jogo esteve interrompido vários minutos, com Varga a sofrer uma convulsão depois de um choque com Gunn. O jogador acabou por ser retirado do relvado pelos socorristas e está a receber cuidados médicos.

A bola voltou a rolar e o exército Tartan apostou tudo no ataque, deixando espaço na defesa. A Hungria tentou aproveitar por Schäfer (90′) e Szoboszlai (90+1′), mas Gunn defendeu. A partida continuou incerta e nem o ex-Benfica Csoboth conseguiu inaugurar o marcador, acertando em cheio no poste direito (90+2′). Na resposta escocesa, Hanley atirou para intervenção de Gulácsi (90+8′). A fechar, a Escócia beneficiou de um canto, não aproveitou e, no contra-ataque, Sallai serviu Csoboth para o golo da vitória. Um golo que pode colocar a Hungria nos oitavos de final, dependendo dos resultados dos outros grupos. Para já, o golo fica para a história porque foi o primeiro do ex-Benfica pela sua seleção.

A pérola

  • Sem margem para dúvidas, Kevin Csoboth foi a pérola desta partida. O avançado tinha participado em apenas três minutos neste Campeonato da Europa. Está longe de ser titular, tendo em conta que esse lugar pertence a Varga, mas mostrou que é uma peça útil na equipa. Entrou em campo aos 87 minutos e, com várias incursões rápidas no ataque, dinamitou o jogo. No final, marcou na última oportunidade.

O joker

  • Num jogo que passou grande parte do tempo pelo meio-campo, Roland Sallai acabou por sair “prejudicado”. Ou então não. Apesar de ter tido poucas oportunidades no ataque, o jogador do Friburgo contribuiu para a equipa de outra forma, assumindo-se como um elo de ligação entre a linha média e a mais adiantada. Criou duas grandes oportunidades e foi dele que saiu o passe para o golo do triunfo.

A sentença

  • A Escócia tinha o terceiro lugar garantido, mas quis lutar por uma vantagem mais confortável em termos pontuais e acabou eliminada da competição. Com o golo no fim, a Hungria evitou, para já, essa eliminação e continua a sonhar com a presença nos oitavos de final. Neste momento é a terceira melhor terceira classificada, pelo que a missão não se prevê fácil.

A mentira

  • O futebol continua sem retribuir aos escoceses toda a paixão e entrega. Chegaram a este Europeu como candidatos aos oitavos depois de um brilharete na fase de qualificação e saem pela porta pequena. A Escócia continua sem chegar à fase a eliminar de uma grande competição. A maldição dura há 70 anos. Dentro de campo é assim, fora é totalmente diferente. O Exército Tartan voltou a demonstrar que é uma das massas adeptas mais apaixonada da Europa e fica para a história deste Europeu.