Ainda no jogo de estreia, depois de entrar na segunda parte para marcar um golo e ver outro anulado pelo VAR por fora de jogo, Niclas Füllkrug fez questão de ir até à bancada, saudar a mulher que não conseguir ir até aos últimos degraus da bancada onde se encontrava e ir buscar a filha para andar com ela ao colo durante a volta final de saudação e despedida aos milhares de adeptos que enchiam a Arena de Munique. Sim, houve muitos cumprimentos e abraços aos companheiros por um início a todo o gás com uma goleada diante da Escócia. No entanto, não há nada como ter a família por perto. E a história no futebol dá sentido a isso.

Füllkrug, o panzer que veio safar a artilharia dos levezinhos (a crónica do Suíça-Alemanha)

Ainda antes da final da Liga dos Campeões com o Real Madrid, o avançado do B. Dortmund confidenciou em entrevista ao jornal Marca que aquilo que mais valorizava na temporada não era propriamente o que tinha alcançado mas sim o caminho que fez até lá chegar. “Tive entre 800 e 1.000 dias de baixa devido a lesões. Estive fora durante três épocas, com lesões no joelho e no tornozelo. Estive muitas vezes na sala de operações e lutei muito para regressar e estar aqui. Sei o que trabalhei, o que sofri e mereço-o”, salientou.

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Dos “800 a 1.000 dias de fora devido a lesões” à final da Champions: como Füllkrug venceu a batalha para ir à guerra

“Sou uma pessoa muito feliz, uma pessoa que gosta muito de conversar. Tenho uma família adorável, com a minha esposa e a minha filha. Sempre que volto do treino, entro em casa e a minha filha corre para me abraçar. Não há nada melhor que isso. Se eu marcar no sábado, o golo é delas, da minha família”, tinha completado. Não aconteceu, apesar de uma ameaça com muito perigo na primeira parte que podia ter mudado a história do jogo ganho pelos espanhóis, mas também não apagou os 15 golos e nove assistências em 43 jogos na época de estreia pelo conjunto de Dortmund, suficientes para regressar à Mannschaft.

A concentração nem começou bem. Ainda antes do arranque da competição, Füllkrug teve uma “pega” com Rüdiger num treino e quase chegou a vias de facto com o central depois de um lance um pouco mais duro que teve conversas mais tensas de seguida. Não foi por isso que nenhum dos dois deixou de ser opção e o camisola 9, saindo do banco, voltou a ter um papel determinante com um golo em período de descontos após assistência de David Raum que carimbou in extremis o primeiro lugar. Curiosidade? À semelhança do que tinha acontecido com a Escócia, foi com Rüdiger que deu o abraço mais “apertado”. Depois dos dois golos no Mundial de 2022, contra Espanha e Costa Rica, o avançado já leva mais dois golos no Europeu.

Não foram apenas mais dois golos, com Füllkrug a confirmar a alcunha de “arma pouca secreta”. Entre os 13 golos marcados pela Alemanha, mais de metade foram conseguidos na condição de suplente utilizado (sete), sendo que o avançado de 31 anos do B. Dortmund tornou-se o primeiro jogador a marcar dois golos vindo do banco. Com isso, a Alemanha, que não consegue ganhar à Suíça há quatro partidas, carimbou o 11.º apuramento em 14 fases finais, o quinto consecutivo e o sexto como primeiro classificado.

“Não tenho nenhum segredo. Na realidade, nem estou habituado a sair do banco no B. Dortmund mas o mais importante é trazer energia ao campo. Não foi um golo que nos tenha salvo da eliminação mas pelo menos teve o condão de mudar o nosso caminho. Em princípio teremos um adversário menos forte do que se tivéssemos ficado em segundo. Ainda assim, cada equipa tem os seus pontos fortes e se queremos ser campeões da Europa temos de ganhar a qualquer um”, comentou o jogador no final do jogo.