O Regimento Sapadores Bombeiros do Porto deixará a 1 de julho de estar à porta do centro comercial Stop, depois de uma inspeção ter concluído que estão reunidas as condições de segurança, revelou esta terça-feira o presidente da câmara.

“Neste momento, estão reunidas todas as condições para não precisarmos de ter lá sequer os sapadores bombeiros, que a partir do dia 1 deixarão de lá estar”, avançou o presidente da câmara, Rui Moreira.

O autarca, que falava à margem da reunião do executivo, esclareceu que o Regimento de Sapadores de Bombeiros fez, na semana passada, uma inspeção ao centro comercial e concluiu que foram implementadas as medidas excecionais.

Entre as medidas de segurança encontra-se a implementação de extintores, rede de incêndio armada, formação aos utilizadores do espaço e implementação de um alerta direto ao Regimento Sapadores Bombeiros.

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O Stop, onde maioritariamente funcionam salas de ensaio e estúdios, viu a maioria das frações serem seladas em 18 de julho de 2023, deixando quase 500 artistas e lojistas sem terem para onde ir. O centro comercial reabriu a 4 de agosto, com um corpo do Regimento de Sapadores Bombeiros do Porto em permanência à porta.

Apesar de implementadas as medidas excecionais, continua por resolver a questão da porta de segurança que, alegadamente, terá sido vedada pelo proprietário do terreno nas traseiras do Stop e que resultou em litigância.

Se a litigância não culminar na abertura da porta, uma das possibilidades passa por eliminar o uso de uma ou duas lojas viradas para a rua principal, fazendo aí a saída de emergência.

Apesar da retirada dos bombeiros, Rui Moreira afirmou que o alargamento do horário de funcionamento do Stop tem de ser resolvido com a administração do condomínio.

“Nessa matéria nada podemos fazer”, referiu, acrescentando que, como em qualquer centro comercial, “o município não pode interferir entre os senhorios e inquilinos”.

A presença permanente do carro dos bombeiros à porta foi a solução encontrada, fruto de um entendimento entre os músicos e a Câmara do Porto, para que o Stop funcionasse durante 12 horas.

Questionado se o município não se sentia responsável por ter quebrado a dinâmica que existia no Stop, de onde alguns músicos saíram, também devido ao aumento das rendas, Rui Moreira afirmou que a “única coisa que a câmara não queria era ser responsabilizada se lá houvesse uma tragédia”.

Já quanto ao aumento das rendas, Rui Moreira disse que os músicos que não podem pagar as rendas praticadas no Stop têm como alternativa a escola Pires de Lima.

Depois de garantido o procedimento de classificação do Stop como imóvel de interesse municipal, o município “está disponível para assumir as salas de cinema” para servir os músicos, reforçou Rui Moreira.

A par disso, lembrou, os proprietários ponderam avançar com a criação de um espaço de co-working no último piso do edifício.

“Tudo isto irá contribuir para a sustentabilidade daquele edifício”, notou.

Também aos jornalistas, a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, afirmou ter ficado “parcialmente satisfeita” com a saída dos bombeiros, lembrando que esta era, há vários meses, uma das reivindicações dos músicos e lojistas.

Para Ilda Figueiredo, fica por resolver o alargamento dos horários para assegurar a atividade dos músicos que, nesta altura do ano, é habitualmente maior.

Já a vereadora Maria Manuel Rola, do BE, saudou que, volvido quase um ano de “mobilização e luta”, o Stop possa voltar a funcionar sem necessidade de bombeiros à porta.

“Isto só veio mostrar que era possível e que existe alternativa”, referiu, acrescentando que este processo “causou instabilidade” nos músicos.

Por sua vez, o social-democrata Alberto Machado congratulou “o caminho” que levou os proprietários a tomarem medidas que permitissem o normal funcionamento do Stop.