Confrontado com a indemnização que a secretária de Estado da Mobilidade recebeu quando saiu da CP e passou para a AMT pela Iniciativa Liberal, o primeiro-ministro defendeu Cristina Pinto Dias, assumindo não ter qualquer dúvida sobre a avaliação ética do caso. “Sim, considero que agiu com princípios éticos que se deviam aplicar ao caso”.

Para Luís Montenegro, a sua secretária de Estado “não obteve nenhuma, mas nenhuma, vantagem diferente daquelas que vigoravam à época para todos os seus colegas na empresa”, acrescentando que Cristina Pinto Dias “abdicou” do vínculo a entidades reguladas para ir para a Autoridade de Mobilidade e Transportes (AMT), reguladora do setor. E ainda disse que a atual secretária de Estado “abdicou de mais”, nomeadamente do “direito a regressar ao local de trabalho com correspondente manutenção das condições laborais”.

Para o primeiro-ministro, aconteceu a Cristina Pinto Dias “aquilo que aconteceu e aconteceria a qualquer outro funcionário daquela empresa naquelas circunstâncias”, pelo que, “sinceramente, querer correlacionar este comportamento com outros que estiveram em apreciação recente ou ver nisto algum comportamento com falta de ética não é a minha opinião, assumo-a na íntegra e não tenho nenhuma dúvida do que estou a dizer”. O caso de Cristina Pinto Dias tem trazido, novamente, a lume — e na comparação — com o de Alexandra Reis, que saiu da TAP com uma indemnização de quase meio milhão para depois entrar na NAV, o que obrigou a gestora a devolver o pagamento que recebeu.

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Quem levantou a questão no debate quinzenal com Luís Montenegro foi Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal, que pediu ao primeiro-ministro que fizesse a avaliação ética de “alguém que recebe uma indemnização” de 80 mil euros de uma empresa pública para assumir um cargo num organismo igualmente público, a AMT. “Ninguém obrigou essa pessoa”, disse Rui Rocha, voltando a criticar, tal como Carlos Guimarães Pinto, da sua bancada, já tinha feito no dia da audição de Cristina Pinto Dias, pela declaração da secretária de Estado que disse que os 80 mil euros eram uma compensação por 18 anos de trabalho na CP.

Cristina Dias foi nomeada para o regulador quando ainda não tinha saído da CP e teve dispensa do prazo legal

Cristina Pinto Dias assumiu o cargo de secretária de Estado da Mobilidade no atual Executivo, não tendo o seu ministro, Miguel Pinto Luz, visto qualquer impedimento nem tendo avaliado negativamente o facto da responsável ter recebido uma indemnização de 80 mil euros, aproveitando um programa de rescisões na CP, para ir diretamente para o regulador.

Pinto Luz avaliou e não viu ilegalidade na compensação paga pela CP à agora secretária de Estado da Mobilidade

Rui Rocha confrontou Luís Montenegro sobre a questão ética, dizendo não querer entrar na questão legal, deixando a dúvida sobre esse eventual problema.