Luís Marques Mendes discorda de Cavaco Silva, que tinha defendido eleições antecipadas num artigo publciado no Expresso esta semana. Apesar dos elogios ao “alto nível” da opinião do antigo primeiro-ministro, o comentador político disse no seu programa semanal da SIC que “o ideal é que a legislatura vá até ao fim” e que, caso seja inevitável a existência de eleições antecipadas, estas devem realizar-se só depois de março de 2026, já com o novo Presidente da República. “Não é desejável haver eleições antes das presidenciais de 2026”, defendeu.

Marques Mendes explica que “em teoria” Cavaco Silva tem razão ao defender que o governo seria mais eficaz se fosse maioritário, mas eleições a “curto prazo” podiam dar “um resultado muito igual” ao de março e, além disso, seriam um “sinal de instabilidade para o país” e “iam prejudicar muito a execução do PRR”.

O antigo líder do PSD falou ainda sobre justiça para dizer que, na entrevista ao Observador, a ministra da Justiça, Rita Júdice, “passou a certidão de óbito à atual PGR”, ao deixar claro que esta foi “um erro de casting“, que “deixou degradar o MP até níveis nunca vistos” e que “não vai deixar saudades.” Mendes elogia ainda o facto de a governante ter traçado um “perfil correto” para o novo PGR ao dizer que deve ter “um espírito de liderança, capacidade de comunicação e que restitua a credibilidade que o MP perdeu”.

Para o comentador “faltou apenas à ministra acrescentar” um aspeto: “O  nome do novo PGR não deve ser apenas escolha do Presidente da República e do Governo. Nas atuais circunstâncias é fundamental que a proposta que o Governo faça ao Presidente da República tenha um grande consenso político e partidário, que seja consensualizado com o PS, o maior partido da oposição, e até com os demais partidos.”

Marques Mendes elogiou ainda a via aberta entre PS e PSD para uma reforma na justiça, o que considera ser “mérito dos dois” líderes: “Pedro Nuno Santos teve o mérito de propor uma agenda concreta para este pacto. Luís Montenegro teve o mérito de mostrar abertura para a aceitar.” Para o comentador isto “significa que podemos ter um novo pacto para a justiça”, o que não acontece desde 2006. Na altura foi, precisamente, o líder da oposição Marques Mendes que conseguiu um entendimento para um pacto da justiça com o então primeiro-ministro José Sócrates.

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