A noite eleitoral da primeira ronda das legislativas francesas deixou uma certeza para a segunda volta: Emmanuel Macron e Jean-Luc Mélenchon mostraram-se empenhados em travar a extrema-direita e anunciaram que os candidatos que ficaram em terceiro lugar nos círculos eleitorais iriam abdicar a favor dos que estavam em melhor posição para tentar derrotar a União Nacional. E assim foi: o prazo terminou esta terça-feira e 221 candidatos desistiram da corrida.

O jornal francês Le Monde descreve a intenção como um “movimento de grande escala com repercussões incertas“, tendo em conta que o objetivo foi unir esforços para que os votantes da Frente Popular de Esquerda e do Renascença somassem votos, com o propósito de, juntos, serem capazes de vencer mais círculos eleitorais e evitar uma maioria absoluta de Marine Le Pen e Jordan Bardella.

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No dia em que foram contabilizados os resultados das eleições francesas concluiu-se que o cenário para a segunda volta seria o seguinte: 306 círculos com três candidatos, cinco locais com uma luta a quatro e 190 duelos. Ora, com vários partidos a abandonarem a corrida e a darem indicações de voto noutros partidos ou coligações, o quadro modificou-se, havendo agora 94 disputas a três, uma a quatro e 405 confrontos a dois (um número assente na contagem do Le Monde e que ainda pode ser alterado).

Com estas alterações, haverá 159 locais em que a União Nacional vai ter como adversário a Frente Popular de Esquerda (que contará, pelo menos, com a indicação de voto de Macron) e 133 em que será o Renascença (também com as indicações de voto de Mélenchon) a defrontar o partido de Le Pen.

Por outro lado, houve ainda duas desistências por parte da União Nacional, uma em prol de um candidato de direita independente e outra devido a uma polémica publicação em que surge com um boné do exército nazi.

As eleições do próximo dia 7 de julho vão colocar frente a frente, em muitos círculos, um candidato que é reflexo da união de vários partidos contra a extrema-direita — e a estratégia de Macron e Mélenchon apenas será testada nas urnas, sendo que a primeira volta das eleições deu uma vantagem avultada para a União Nacional.

Até lá, sabe-se que com todos os votos contados, a União Nacional venceu em 297 círculos, seguida da Frente Popular de Esquerda, que levou a melhor em 159, do Renascença, que venceu em 70, e dos Republicanos, que ficaram à frente em 20. O Ministério francês da Administração Interna deu conta da eleição de 39 deputados à primeira volta (o que implica vitórias por maioria absoluta nos círculos em causa) pela União Nacional e 32 de partidos que integram a Frente Popular de Esquerda.

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