O Partido Trabalhista recebeu esta quarta-feira apoio do tabloide tradicionalmente pró-conservador The Sun, com a última sondagem antes das eleições de quinta-feira a apontar para uma vitória histórica de Keir Starmer, que alertou para o risco de complacência.
“A mudança não acontece a menos que se vote nela. Nada está decidido, nem um único voto foi ganho ou perdido, e todos os votos estão em aberto”, repetiu Starmer nos últimos dias da campanha.
A vantagem de 20 pontos do Partido Trabalhista nas intenções de voto desde há meses consecutivos deixa pouco espaço para suspense antes da votação de quinta-feira, depois de uma campanha pouco intensa, focada na economia, na saúde e na imigração.
Uma nova sondagem da empresa YouGov divulgada esta quarta-feira prevê que o Labour ganhe 431 dos 650 assentos na Câmara dos Comuns, o que seria o maior número da história do partido, incluindo os 419 ganhos por Tony Blair em 1997.
Pelo contrário, o grupo parlamentar do Partido Conservador vai encolher dos 365 deputados que elegeu em 2019 para 102.
Segundo o mesmo estudo, o Partido Nacionalista Escocês (SNP) vai ficar-se pelos 18 lugares, cedendo aos Liberais Democratas o terceiro lugar (72), o Partido Reformista vai ganhar três assentos e os Verdes dois.
“Está na altura de mudança”, lê-se no editorial do jornal The Sun, abandonando o Partido Conservador, o qual apoiou nas últimas quatro eleições, devido às guerras internas e escândalos que “traíram a confiança das pessoas”.
Apesar de a imprensa escrita ter perdido grande parte da sua influência, o tabloide arriscava-se a parecer desfasado dos seus leitores se não se colocasse ao lado do que se prepara para ser uma vitória histórica dos trabalhistas.
O diário junta-se assim a outras publicações de direita e de centro-direita que apelaram ao voto nos trabalhistas, nomeadamente o diário económico The Financial Times, a revista The Economist e o Sunday Times, a edição de domingo do diário The Times, que ainda não declarou quem apoia.
O Daily Telegraph, Daily Mail e o Sunday Express mantiveram o apoio aos conservadores.
Este é o último revés de uma campanha pouco favorável ao primeiro-ministro e líder conservador, Rishi Sunak, cujo início foi pouco auspicioso quando ficou encharcado pela chuva ao anunciar a realização de eleições em Downing Street a 22 de maio.
Duas semanas depois, foi obrigado a pedir desculpa por ter regressado mais cedo e faltado a parte das comemorações em França do 80º aniversário da invasão do Dia D, faltando a uma cerimónia ao lado do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e do Presidente francês, Emmanuel Macron.
A seguir, a campanha ficou manchada pela investigação de vários conservadores próximos de Sunak pela entidade reguladora, por suspeitas de terem utilizado informação privilegiada para apostar sobre a data das eleições antes de esta ser anunciada.
A estratégia de Sunak, que para convocar eleições antes do previsto invocou a queda da inflação e o crescimento económico como sinais de que a sua governação estava a resultar, também foi abalada pela candidatura de Nigel Farage pelo Partido Reformista.
O partido de direita radical fez uma campanha apontada aos tories (conservadores) com críticas à imigração elevada.
Nos agitados últimos dois dias de campanha, Sunak insistiu que o resultado destas eleições não é “inevitável”, e esta quarta-feira afirmou que, está de “consciência tranquila”.
“Desde que me possa olhar ao espelho e saber que estou a trabalhar o mais arduamente possível, fazendo o que acredito ser correto para o país, é assim que consigo ultrapassar a situação e é isso que acredito que estou a fazer”, disse.