O Irão vai esta sexta-feira a votos na segunda volta das eleições presidenciais, que opõem Massoud Pezeshkian, um candidato reformista favorável à abertura ao Ocidente, a Saïd Jalili, um ultraconservador e antigo negociador inflexível em matéria nuclear.

A eleição, cuja primeira volta se realizou em 28 de junho, foi organizada para substituir o Presidente Ebrahim Raisi, que a 19 de maio morreu, juntamente com o chefe da diplomacia iraniano Hossein Amir-Abdollahian, num acidente de helicóptero na zona de Kalibar e Warzghan, na província do Azerbaijão Oriental, no noroeste do país.

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A ida às urnas será acompanhada de perto no estrangeiro, uma vez que a República Islâmica, um peso pesado do Médio Oriente, está no centro de várias crises geopolíticas, desde a guerra na Faixa de Gaza até à questão nuclear, em que está em desacordo com os países ocidentais, nomeadamente os Estados Unidos, seu inimigo declarado.

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Nesta segunda volta defrontam-se o deputado reformista Massoud Pezeshkian, 69 anos, que defende um Irão mais aberto ao Ocidente, ao antigo negociador nuclear, o ultraconservador Saïd Jalili, 58 anos, conhecido pela sua posição inflexível contra as potências ocidentais.

Na primeira volta, marcada por um elevado nível de abstenção (39,9%), Pezeshkian obteve 42,4% dos votos contra 38,6% de Jalili. Um outro conservador, Mohamamd Bagher Ghalibaf, ficou em terceiro lugar.

Praticamente desconhecido quando entrou na corrida presidencial, Pezeshkian aproveitou a divisão entre os conservadores, que não conseguiram chegar a acordo sobre um único candidato.

No entanto, Ghalibaf apelou aos seus apoiantes para que votassem em Jalili na segunda volta. O antigo presidente reformista Mohammad Khatami apoia Pezeshkian.

As figuras da oposição no Irão, bem como na diáspora, apelaram a um boicote às eleições, considerando os campos conservador e reformista como duas faces da mesma moeda.

Cirurgião de profissão, Pezeshkian é conhecido pela sua franqueza, não tendo hesitado em criticar as autoridades durante o movimento de protesto desencadeado pela morte sob custódia de Mahsa Amini, em setembro de 2022, três dias depois de ter sido detida pela polícia por violar o rigoroso código de vestuário das mulheres.