O atual presidente executivo (CEO) da Efacec Power Solutions (EPS), Ângelo Ramalho, vai cessar funções a 31 de julho após nove anos no cargo, anunciou a empresa, ficando o atual chairman, Christian Klingler, interinamente com a função. A Efacec tem desde o ano passado um novo acionista, desde que foi privatizada, tendo os novos donos mantido inicialmente o CEO.

“Com o novo acionista, criámos as condições de base para o futuro da empresa. Agora o tempo é outro, de novos estímulos e de novos desafios para a Efacec e para mim”, afirma Ângelo Ramalho, citado no comunicado enviado às redações pela empresa, dizendo ter sido “um privilégio servir na Efacec” e descreve o seu percurso na empresa como “um caminho com inúmeros desafios, entre os quais um período de grande incerteza e turbulência” que foi possível, “em conjunto, ultrapassar”.

De acordo com o comunicado, sob a liderança de Ramalho, a Efacec “enfrentou e superou um dos maiores desafios da sua história de 75 anos, na sequência dos impactos decorrentes da crise acionista”, tendo “assegurado a liderança e a continuidade da empresa em três fases particularmente distintas e com três acionistas diferentes”.

“No período de maior dificuldade e complexidade, garantiu que a empresa preservasse as suas competências, permanecendo atrativa para investidores de conhecida relevância mantendo a paz social apesar da envolvente mediática”, destaca, salientando que, durante os nove anos em que Ramalho esteve em funções, a Efacec “reorientou o negócio para segmentos de maior valor e para mercados mais desenvolvidos e de menor risco, promovendo uma cultura de eficiência e sustentabilidade”.

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E, por isso, em nome de toda a organização, o conselho de administração da Efacec “agradece profundamente a Ângelo Ramalho o compromisso, competência, determinação e capacidade de liderança demonstradas ao longo do seu tempo na empresa, desejando-lhe o maior sucesso no seu futuro pessoal e profissional”.

“A visão e liderança de Ângelo Ramalho à frente dos destinos da Efacec foram fundamentais para manter a empresa viva em alguns dos seus momentos mais desafiadores, permitindo-lhe ter um futuro promissor. O seu apoio durante todo o processo de transição, que estamos a concluir, foi igualmente fundamental para o seu sucesso, agora que começamos a ver resultados operacionais positivos”, afirma Klingler, citado no comunicado.

Com sede em Matosinhos e cerca de 2.000 trabalhadores, a Efacec atua na cadeia de valor de energia e mobilidade como fornecedor de soluções e de sistemas integrados EPC (‘Engineering, Procurement and Construction’) e parceiro de serviços O&M (‘Operations & Maintenance’). Segundo o Expresso a empresa avançou este ano com um despedimento coletivo, já com os novos acionistas.

Em novembro do ano passado, o Estado finalizou a venda ao fundo de investimento alemão Mutares da totalidade do capital da Efacec, que tinha sido nacionalizada em 2020 aquando do escândalo ‘Luanda Leaks’. A empresa era controlada indiretamente por Isabel dos Santos.

No âmbito da venda ao fundo Mutares, o Estado acordou injetar 160 milhões de euros na empresa para pagar a dívida que restava (banca e obrigacionistas), repor fundo de maneio e custos de reestruturação. Estes valores somam-se aos 200 milhões de euros que já tinha injetado na empresa desde a nacionalização. Ainda na esfera pública, o Banco de Fomento detém 35 milhões de euros em obrigações (convertíveis em capital) emitidas pela Efacec.

Estado sai da Efacec, Mutares entra numa empresa “sem espinhas”. A que preço?