A Polícia Judiciária realizou na terça-feira uma operação que culminou no desmantelamento de uma rede criminosa ligada ao esquema de burlas do WhatsApp conhecido por “Olá Pai/Olá Mãe”. Na sequência da operação a PJ revelou que há oito arguidos (cinco indivíduos e três entidades).
A força de segurança destacou, em comunicado publicado esta quarta-feira, “a grandeza do esquema criminoso e as potencialidades de propagação das mensagens, que vitimaram largas centenas de cidadãos em todo o país”, através da rede social WhatsApp, com recurso a cartões de telemóvel distribuídos gratuitamente em ações promocionais.
Num comunicado, a PJ refere que no decurso da operação “Cartões sem Rasto” foram realizadas buscas a estabelecimentos na área comercial do centro de Lisboa e buscas domiciliárias na margem sul. No total, foram apreendidos 1.300 cartões SIM.
O esquema de burlas informáticas “Olá Pai/Olá Mãe” consiste na abordagem de vítimas por via do WhatsApp (com mensagens escritas), com o propósito de as convencer que os seus filhos perderam o respetivo telefone, estando por isso a utilizar um número provisório. Estabelecido o contacto, os autores dos crimes fazem pedidos de pagamentos.
“A investigação identificou todos os que colaboraram no processo de facilitação das cerca de 50 dezenas de milhares de cartões SIM, ofertados por uma operadora em festivais de música e em museus, que permitia a sua utilização gratuita por 15 dias e, dessa forma, abrir contas WhatsApp e expedir mensagens de forma massiva”, pode ler-se no comunicado.
A rede, diz ainda a PJ, era constituída por cidadãos estrangeiros, “que angariavam esses cartões oferta em diferentes áreas da Grande Lisboa, vendendo-os depois, para utilização pela estrutura criminosa, agora desmantelada.”
O esquema começou a ser investigado pelo Departamento de Investigação Criminal de Leiria da PJ em agosto de 2023. Os investigadores começaram por perceber que “os números SIM utilizados no esquema não se repetiam e que utilizavam, preferencialmente, números afetos a uma única operadora nacional”.
Em maio deste ano, a investigação permitiu “identificar e localizar possível o ponto de difusão das mensagens”. Na altura foram realizadas várias buscas e apreendidos cerca de 8.500 cartões. Também foi detido um primeiro suspeito, que ficou em prisão preventiva.
Outros 35 inquéritos judiciais foram apensados a esta investigação, que está já em fase final. A PJ perspetiva “para breve” o envio ao Departamento de Investigação e Ação Penal de Leiria, para emissão de despacho final.