Alguns dos maiores financiadores da campanha de Joe Biden à Casa Branca terão decidido suspender o seu contributo para a reeleição como Presidente dos EUA, devido a preocupações com a aptidão do democrata para um segundo mandato. Os fundos bloqueados devem chegar aos 90 milhões de dólares (mais de 82 milhões de euros), avança o The New York Times, citando fontes familiarizadas com o processo.
Os financiadores terão transmitido uma mensagem à Future Forward, o comité de ação política (PAC) responsável pela campanha, em que declaram que os fundos vão ficar suspensos enquanto Biden for o candidato democrata à presidência. As duas fontes do jornal norte-americano, que preferem ficar anónimas, relatam que vários financiadores democratas se recusaram a entregar cheques que tinham prometido à PAC, alguns dos quais chegavam aos milhões de dólares.
Um financiador, contactado pelo jornal, partilhou que, desde o primeiro debate Biden-Trump, foi contactado múltiplas vezes pelo PAC pedindo a sua contribuição. Tal como outros amigos, diz que, por agora, recusou fazer as transferências.
Já a Future Forward recusou comentar as conversas que tem tido com os seus financiadores regulares. Um assessor do grupo disse apenas que esperavam que as doações fossem retomadas quando as “incertezas ficassem resolvidas”.
Contudo, as incertezas parecem estar longe de ser resolvidas. Depois de o debate com Donald Trump ter levantado o primeiro alerta dentro do partido sobre a capacidade de Biden para a recandidatura, novas preocupações têm surgido diariamente.
Esta semana, foram várias as vozes que pediram diretamente ao Presidente que abdicasse da corrida à presidência, dando o lugar a outro candidato democrata. Entre pedidos de financiadores, representantes dos democratas, senadores e até celebridades apoiantes, como George Clooney, Biden respondeu a todos com uma recusa veemente.
“Sou a pessoa mais qualificada para a corrida a Presidente“, insistiu Biden na quinta-feira à noite. No encerramento da Cimeira da NATO respondeu aos jornalistas que o confrontaram com o mau debate, os pedidos dos democratas, os novos horários de campanha e até os lapsos no nome dos parceiros políticos.
O comités de ação política são organizações formadas no início da corrida à Casa Branca, com o propósito de angariar fundos e coordenar a estratégia de campanha. Segundo o New York Times, a Future Forward de Joe Biden já investiu 250 milhões de dólares (cerca de 229 milhões de euros) em anúncios digitais e na televisão, em preparação para a Convenção dos democratas. O encontro do partido vai realizar-se em agosto, onde se espera que Biden seja oficializado como o candidato democrata.
Para além das críticas dentro da cúpula mais próxima de Biden, as preocupações sobre o atual Presidente também são expressas pelos eleitores. Logo após o debate desastroso com Trump, a PAC realizou um inquérito eleitoral em que analisou a opinião dos eleitores sobre Biden. Numa comparação com a vice-presidente Kamala Harris, o Governador da Califórnia, Gavin Newson, a Governadora do Michigan, Gretchen Whitmer e o secretário dos transportes, Pete Buttigieg, o inquérito revelou que Biden é o menos popular entre os cinco nomes democratas.
O documento, publicado no dia 30 de junho, reflete ainda que 69% dos eleitores inquiridos se mostrou preocupado com o impacto que a idade de Biden tem nas suas capacidade para governar.
As conclusões do inquérito também revelam que esta é a maior queda de popularidade da governação de Joe Biden, apenas comparável com a queda no verão de 2021, aquando da retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão.