O líder do PCP, Paulo Raimundo, considerou “uma incoerência” a possibilidade de não haver eleições antecipadas caso o Orçamento do Estado seja chumbado, mas recusou esclarecer se nessa situação o partido avançará com uma moção de censura.

“Aquilo que era inevitável há dois anos parece que agora já não é inevitável”, afirmou Paulo Raimundo, considerando haver “alguma incoerência” na possibilidade de não ser dissolvida a Assembleia da República e convocadas eleições antecipadas se o Orçamento do Estado for chumbado.

Aludindo à hipótese de o Governo de Luís Montenegro não se demitir caso o Orçamento do Estado para 2025 não seja aprovado, o secretário-geral do PCP citou Luís de Camões, considerando que “a visão de há 500 anos” se mantém atual: “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”.

“Se o orçamento for chumbado, o que é que altera face à situação de há dois anos?”, questionou, lembrando que em 2022 “houve um orçamento que foi chumbado e houve eleições antecipadas, nem sequer houve nenhuma possibilidade de procurar outra solução”.

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Lembrando que o PCP apresentou uma moção de rejeição do programa do Governo e que, por vontade do partido “este Governo não tinha entrado em funções”, Paulo Raimundo, recusou antecipar se o seu partido apresentará ou não uma moção de censura caso o orçamento não seja aprovado.

“Somos os que estamos mais à vontade, mas não quero antecipar isso”, disse Paulo Raimundo, vincando que o importante “é o conteúdo e as propostas concretas” do orçamento do Estado que, se for ao encontro das propostas do Governo de Luis Montenegro, “com clareza, e sem hesitação nenhuma terá o voto contra” do PCP.

Paulo Raimundo falava na Foz do Arelho, no concelho das Caldas da Rainha, onde hoje discursou perante cerca de 300 militantes e simpatizantes do PCP que participaram na Festa Verão, organizada anualmente pelo partido.

Na sua intervenção, o secretário-geral do PCP não poupou críticas ao Governo PSD/CDS-PP, que acusou de ser “perito em propaganda” e de “governar ao serviço e a mando dos grupos económicos”.

“[Mas] seríamos iludidos se pensássemos que é esta apenas a vontade do PSD e CDS”, disse, juntando ao rol das críticas a Iniciativa Liberal, “como farol ideológico do capital” e o Chega “os ruidosos de serviço, os mais vocais do campeonato da reação” e, ainda, o PS “que alimenta todo este faz de conta, que enche o peito de proclamações, que propõe hoje aquilo que chumbou ontem”.

Para o PCP, o país vive “uma estabilidade política” que não serve o partido nem os trabalhadores e com a qual os comunistas querem “romper” para implementar “uma política alternativa, ao serviço de quem trabalha e trabalhou uma vida inteira, ao serviço da juventude e do país”, concluiu Paulo Raimundo.