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Horas depois de uma tentativa de homicídio a um ex-Presidente dos EUA discute-se quem é o homem que o levou a cabo, quais as razões que o motivaram e, principalmente, como é que tal foi possível em termos de segurança. Mais ainda quando há uma testemunha que assegura que o atirador foi visto em cima de um telhado e que as autoridades foram avisadas.
“Vimos um homem a rastejar no telhado do prédio ao nosso lado, a 15 metros de nós. Tinha uma espingarda, conseguíamos ver a espingarda claramente”, conta Greg Smith à BBC poucos minutos após os disparos. O homem, que se apercebeu da presença de alguém num telhado em que não estavam elementos da segurança de Trump, falou no plural, dando conta de que não foi o único a aperceber-se do que se estava a passar, e explicou que várias pessoas foram apontando para o telhado e alertaram as autoridades.
“Como é que Trump ainda está a falar, como é que o colocaram no palco?”, pensou Greg Smith, apoiante de Trump que deu a entrevista com um boné das últimas eleições de 2020, pintado com um ‘4’ a substituir o último zero — passando a ler-se “Trump 2024”. “De repente, cinco tiros são disparados”, rematou, colocando em causa como é que as autoridades permitiram que o ex-Presidente subisse ao palco quando polícias tinham sido avisados da presença de um possível suspeito.
Em declarações à NBC News, Steve Nottingham, ex-comandante da SWAT em Long Beach, na Califórnia, que fez parte de equipas responsáveis pela segurança de líderes mundiais em visitas oficiais, nomeadamente de presidentes de vários países, e treina agentes para responder a momentos críticos, considera que o ataque a Donald Trump é “uma grande falha de segurança”.
Donald Trump. “Ouvi um zumbido, tiros e senti imediatamente uma bala a rasgar a pele”
O especialista considera que aqueles locais, designadamente o telhado de onde foram disparados os tiros, devia ter sido protegido “com antecedência“. A mesma opinião tem Jim Cavanaugh, um agente especial reformado, que ficou surpreendido com o facto de o homem ter conseguido ocupar uma posição elevada ao alcance dos atiradores que estavam no local do comício — e relembra ainda os tempos em que trabalhou com o Serviço Secreto (o departamento que trata da segurança do Presidente e, neste caso, do ex-Presidente que é também candidato) para frisar que “cada local elevado é assegurado por eles ou pela polícia SWAT local”. “Ninguém tem autorização para andar em telhados. Eles controlam os terrenos altos”, sublinhou.
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Além disso, Cavanaugh deu ainda conta de que uma espingarda AR-15, uma arma semi-automática das mais usadas nos tiroteios em massa nos EUA, consegue atingir a 180 metros e, segundo a NBC, Donald Trump estava apenas a 135 metros de distância do telhado em que o atirador se posicionou para o ataque. Perante os dados conhecidos, nomeadamente as distâncias entre o local dos disparos e o palco do comício, e o conhecimento que tem do trabalho do Serviço Secreto, Cavanaugh considera impressionante que alguém estivesse numa posição elevada e que os responsáveis da segurança não soubessem.
Por outro lado, George Bivens, da Polícia Estadual da Pensilvânia, saiu em defesa do Serviço Secreto por considerar que é “muito difícil” proteger alguém “contra qualquer possível ameaça” num “local aberto” — o comício em Butler acontecia na rua. Ainda assim, espera que a investigação permita averiguar onde houve “falhas” e “o que pode ser feito melhor no futuro”.
Já em pleno período de campanha, o Serviço Secreto, através do porta-voz Anthony Guglielmi, tinha confirmado o reforço da proteção de Donald Trump para “garantir o mais elevado nível de segurança não apenas nos eventos, mas também nas viagens entre os eventos”.