As imagens de Donald Trump e frases que enaltecem o candidato republicano já estão em camisolas e outros artigos de merchandising. Duas horas depois da tentativa de assassinato na Pensilvânia, a icónica foto do candidato republicano, com o punho levantado e sangue na cara, acompanhada de legendas como “Alvejarem-me torna-me mais forte” , “À prova de bala”, “As lendas nunca morrem” e “Atingido mas não abalado”, foi impressa em t-shirts e colocada à venda online — batendo recordes de encomendas. Até a empresa do magnata já aproveitou para lucrar com o atentado, colocando à venda sapatilhas com a foto por quase 300 euros.
Uma das empresas de Trump, a CIC Ventures LLC, seguiu o exemplo de muitos outros comerciantes que logo após o ataque começaram a vender artigos com fotos do ex-Presidente. Esta quarta-feira disponibilizou para venda num site — que só tem sapatos da marca Trump — 5 mil pares de sapatilhas numa edição limitada por 299 dólares (244 euros). Os ténis de cano alto, que só poderão ser entregues em setembro ou outubro, têm a foto de punho erguido num dos lados e como legenda a frase que Trump disse quando se levantou do chão: “Lutem, Lutem, Lutem”. Segundo a empresa, dez dos pares serão aleatoriamente escolhidos para autógrafos.
Não é a primeira vez que a CIC Ventures LLC produz sapatilhas com slogans de Trump. Em fevereiro, quando o ex-Presidente foi notificado para pagar uma multa milionária, vendeu ténis dourados com a bandeira dos EUA e um T, por 399 dólares (366 euros). Os ténis “Never Surrender High-Tops” foram buscar o nome a uma das “frases de combate” do ex-Presidente: “Nunca se rendam”.
Agora, esta edição limitada “presta homenagem à sua determinação e bravura inabaláveis. Cada um é um verdadeiro item de coleção”, pode ler-se na descrição da publicação, onde a CIC Ventures apela ainda à compra destes ténis exclusivos como demonstração de um “orgulho patriótico”.
Antes das sapatilhas, já chegaram ao mercado canecas, t-shirts e outros tipos de artigos de merchandising online. Em quase todos os produtos há um fator comum: a imagem do ex-Presidente, rodeado de seguranças, a gritar “Lutem” de braço levantado e punho cerrado enquanto lhe escorria sangue na cara. A foto foi divulgada pela Associated Press às 6h31 e às 8h40 já havia produtos disponíveis para encomenda online, avança o jornal britânico The Telegraph.
Os primeiros a chegar a esta competição surgiram, curiosamente, de um país muito diabolizado por Trump enquanto Presidente dos Estados Unidos: a China. O marketplace de e-commerce chinês Talbao rapidamente começou a capitalizar com as pessoas que procuravam lucrar com o ataque. Em poucas horas publicava camisolas com a foto de Trump disponíveis para compra no seu site online. Três horas depois, a empresa alcançou as duas mil encomendas. “Colocámos as t-shirts à venda assim que vimos as notícias sobre o tiroteio, embora ainda não as tivéssemos imprimido, e em três horas recebemos mais de 2.000 encomendas da China e dos EUA“, afirmou o vendedor Li Jinwei ao the South China Morning Post.
Não foi o único a ter essa ideia. Vários outros empresários de todo o mundo começaram a imprimir em variados objetos a foto e novas frases e a procura surpreendeu-os. Alguns confessaram que não contavam com tantas encomendas. “As vendas excederam as minhas expectativas. Não esperava que Trump tivesse tantos fãs“, admitiu Zhong Jiachi, outro proprietário de uma empresa online de vestuário, citado pelo The Telegraph.
Uma produção em tempo recorde
A rapidez com que o mercado reagiu ao acontecimento só foi possível graças aos novos métodos de comércio que têm vindo a ganhar fama entre os empresários e vendedores. Apesar da grande capacidade de produção e exportação, usualmente conotada com a economia chinesa, a criação de um produto num tão curto espaço de tempo não seria possível sem o recurso à impressão digital.
Depois de produzirem as t-shirts, “bastou um clique” para obter o resultado final. Com este método, basta enviar a imagem que se pretende estampar no tecido para uma máquina e — numa questão de segundos — a camisola sai do equipamento com uma “nova vida”.
De acordo com o The Telegraph, o processo de comercialização também terá sido facilitado pela abertura de inúmeras fábricas especializadas em impressão digital na Califórnia, simplificando a fase de expedição do produto para o mercado americano. Desta forma, os retalhistas conseguiram prometer uma entrega “para o dia seguinte” e vender o artigo a um preço mais acessível — rondam entre os 10.99 e os 19.99 dólares (entre os 10.08 e os 18.3 euros) na Amazon.
Não foi só o mundo do comércio a tirar dividendos com a imagem captada pela lente do fotógrafo Evan Vucci que fez a capa da reputada revista Time. Também a equipa do candidato à presidência usou a fotografia no seu site na internet. Na segunda-feira, trocou a foto de campanha do site onde angaria fundos para a campanha para a difundidad pela AP bem como a sua legenda para: “Eu sou Donald J Trump. Não temam. Amo-vos sempre por me apoiarem. União. Paz. Tornem a América grande de novo”.
E tal como aconteceu com os empresários, as doações para a campanha republicana escalaram, atingindo um fluxo de doações semelhante ao do momento da passada detenção de Trump por alegadamente ter falsificado resultados eleitorais nas presidenciais de 2020. Na altura, quase 7,1 milhões de dólares (cerca de 6,5 milhões de euros) foram doados em apenas três dias.
Na segunda-feira, quando começou a Convenção Nacional Republicana, a foto foi trocada para uma imagem com JD. Vance — senador do Ohio, candidato republicano à vice-presidência norte-americana.