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Mundo recupera de "apagão" global que afetou serviços da Microsoft e deixou aviões em terra e bancos com problemas

Serviços da Microsoft afetados já terão sido "recuperados". Mais de cinco voos foram cancelados em todo o mundo. Em Portugal, existiram constrangimentos nos aeroportos.

Filas acumulam-se no aeroporto de Faro, com vários voos atrasados devido ao "apagão" informático.
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Filas acumulam-se no aeroporto de Faro, com vários voos atrasados devido ao "apagão" informático.

Filas acumulam-se no aeroporto de Faro, com vários voos atrasados devido ao "apagão" informático.

Utilizadores e empresas de setores como bancos, aeronáutica, imprensa e saúde em todo o mundo estão a recuperar de um enorme apagão do sistema Microsoft Windows, causado por uma atualização de antivírus em nuvem da empresa CrowdStrike. O problema, que afetou desde a Austrália aos EUA, também perturbou alguns serviços em Portugal, confirmou o Centro Nacional de Cibersegurança.

A Microsoft indicou, esta sexta-feira à tarde, que “todas as aplicações e serviços do Microsoft 365 anteriormente afetados foram recuperados” e adiantou que iria entrar num “período de monitorização para garantir que o impacto” ficava “totalmente resolvido”. Horas depois, a empresa revelou que — “após um longo período de monitorização” — chegou à conclusão que o problema “foi mitigado”.

Poucas horas antes, em comunicado difundido a nível global, a mesma empresa tinha dito que antecipava que “uma resolução para o problema estava a caminho“. Acrescentava-se, na mesma nota, que as dificuldades que se verificam nos serviços da Microsoft se devem a “uma atualização de software numa empresa terceira“. A origem do problema, que começou à meia-noite desta sexta-feira, estará num serviço da empresa de cibersegurança Crowdstrike, utilizado pela Microsoft – algo que também foi confirmado pelas autoridades suíças.

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Em declarações à Sky News, o CEO da Crowdstrike, George Kurtz, lamentou profundamente os problemas causados pela empresa e esclareceu a origem da falha esteve numa única atualização que tinha alguns “defeitos”. “A atualização tinha um erro de software e causou um problema com o sistema operativo da Microsoft”, afirmou. Questionado sobre quando voltariam os sistemas à normalidade, o diretor executivo disse que “pode demorar algum tempo para alguns, [não] será recuperado automaticamente”, no entanto apontou que a missão da empresa é “garantir que todos os clientes sejam totalmente recuperados.”

Antes das declarações do CEO, a empresa já tinha emitido um comunicado onde garantiu estar a “trabalhar ativamente” com todos os seus clientes que foram “impactados por uma falha numa atualização de conteúdo em serviços usados pela Microsoft”. “Isto não é um incidente de segurança nem um ciberataque“, garantiu a Crowdstrike. “O problema foi identificado, isolado e está a ser aplicada uma correção”, acrescentou a empresa, cujas ações estão cotadas na bolsa do Nasdaq (e estiveram a cair mais de 2% no pré-mercado).

Uma consultora de cibersegurança, entre as mais importantes do setor, a Troy Hunt, disse que o problema que afetou o mundo inteiro poderia transformar-se no “maior apagão tecnológico da História”. “Está a acontecer aquilo que temíamos que acontecesse com o Y2K [o bug da viragem do milénio]”, afirma.

Mais de cinco mil voos cancelados em todo o mundo

Mais de cinco mil voos foram cancelados nos aeroportos mundiais, até às 22h desta sexta-feira (hora de Lisboa), segundo a Cirium, uma consultora na área da aviação. A consultora, citada pela Sky News, indica que esse valor se traduz numa percentagem de 4,6% dos voos mundiais cancelados.

Nos aeroportos portugueses, fonte oficial da ANA garantiu, de manhã, ao Observador que não existia nenhum sistema afetado, mas em Lisboa o Terminal 2 teve filas porque companhias aéreas como a Ryanair tiveram de fazer check-in manual. Também no aeroporto de Faro se acumulou alguma confusão, com vários voos com atrasos.

Mais tarde, à Lusa, a ANA disse que eram esperados constrangimentos nos aeroportos nacionais já que existiam companhias aéreas e empresas de handling afetadas pela falha global no sistema da Microsoft, pedindo aos passageiros que se informem sobre o estado dos seus voos. Mas a gestora aeroportuária adiantou que “o sistema informático dos aeroportos portugueses não foi afetado diretamente”.

A TAP alertou os clientes, através das redes sociais, para “eventuais consequências” da falha de serviço a nível global no “tráfego aéreo e aeroportos”, que tem “afetado alguns aeroportos/voos pelo mundo”.

Por sua vez, também a Ryanair comunicou, nas redes sociais, ter sido “forçada” a “cancelar um número pequeno de voos” devido ao apagão, mas não especificou quais tinham sido os países afetados. Na mensagem, a companhia aérea pediu aos passageiros cujos voos foram cancelados para deixarem os aeroportos e lamentou “qualquer inconveniência”. “Os passageiros afetados foram notificados e aconselha-se a que entrem na sua conta Ryanair assim que os sistemas voltem a ficar online para verificar as suas opções”, indicou a empresa.

Telecomunicações afetadas em Portugal, Vodafone e MEO garantem normalidade

Os serviços de telecomunicações, como a Vodafone, Meo e Nos, e a utilização do Microsoft 365, do Teams e do Azure (ambos associados à Microsoft) também registaram constrangimentos ao longo do dia em Portugal, de acordo com o site DownDetector.

Fonte oficial da Vodafone garantiu, porém, que “não se verificam perturbações na sua rede, estando todos os parâmetros a funcionar normalmente”. “Não obstante, as nossas equipas técnicas acompanham a situação e estão atentas a quaisquer problemas indiretos que possam surgir”, acrescentou fonte oficial.

Já a MEO afirmou que “não houve afetação nos serviços de comunicação dos seus clientes”. Porém, “foram verificados constrangimentos em alguns canais de atendimento, estando a ser tomadas todas as medidas para normalização destes canais”, notou.

O Observador tentou contactar as restantes empresas para confirmar a dimensão dos problemas, mas não obteve resposta. Ao longo do dia, também existiram relatos de falha nos serviços do banco Santander Portugal.

Centro Nacional de Cibsersegurança confirma “várias organizações afetadas”

O Centro Nacional de Cibersegurança disse estar a “acompanhar o caso da falha informática global” da Microsoft, havendo “no ciberespaço nacional várias organizações afetadas”, e pediu que estas sejam “prontamente reportadas”. Contactada pela Lusa, fonte oficial do CNCS admitiu que no ciberespaço nacional existem “várias organizações afetadas, embora com diferentes graus de impacto”. Até ao momento “não há evidências que indiquem tratar-se de um ato malicioso”, referiu o CNCS.

O Hospital Amadora-Sintra era a única unidade de saúde que, até às 10h, tinha registado problemas informáticos. Segundo uma fonte do Ministério da Saúde, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) estavam a fazer um levantamento de eventuais situações, mas apenas o Hospital Fernando da Fonseca tinha relatado alguns problemas, cuja dimensão ainda estaria a ser aprovada. Mais tarde, a mesma fonte confirmou que o problema não esteve relacionado com a falha do sistema da empresa Microsoft e estava praticamente resolvido. A maioria dos hospitais usa sistemas dos SPMS. O sistema utilizado pelo Amadora-Sintra é privado.

Contactada pela Lusa, fonte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) disse que as comunicações estavam a funcionar normalmente. O número de emergência 112, que é gerido pela PSP, estava também a funcionar normalmente, o mesmo acontecendo com a rede de segurança interna. Na Justiça, até às 10h, também não tinham sido relatados quaisquer problemas.

Nos EUA, existiram problemas no acesso a serviços de emergência – em concreto, no Alaska onde existiram dificuldades no contacto ao 911 (equivalente ao 112 em Portugal). Por outro lado, também em solo norte-americano, mas na Times Square, em Nova Iorque, os famosos billboards deixaram de exibir anúncios publicitários e ficaram completamente a preto.

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Os billboards ficaram a preto na Times Square

Bloomberg via Getty Images

No Reino Unido foram registados problemas nas caixas automáticas dos bancos. Em Portugal, fonte oficial da gestora da rede Multibanco, a SIBS, garantiu ao Observador que não estava a ser afetada.

De acordo com o DownDetector, desde a madrugada desta sexta-feira que foram registados picos repentinos de incidentes em vários sites mundiais que incluem aplicações da Microsoft. Os problemas que começaram a ser detetados nos EUA, onde todos os voos de várias companhias aéreas foram suspensos, e espalharam-se por várias partes do mundo.

O aeroporto de Berlim suspendeu todos os voos, justificando a decisão com problemas técnicos e transportadoras aéreas como a Ryanair avisaram os clientes de que está a haver problemas que podem afetar os seus voos. Na Alemanha, vários hospitais foram obrigados a adiar cirurgias não urgentes.

Na Índia, o Aeroporto de Nova Deli também foi afetado pela falha informática, avançou a BBC. As informações para o check-in estiveram a ser preenchidas manualmente devido a uma falha do sistema dos terminais eletrónicos. Segundo o canal televisivo, existiu uma pessoa encarregue de atualizar manualmente um quadro branco com as informações relativas às portas de embarque. Também em Espanha, todas as transportadoras aéreas e todos os aeroportos foram afetados.

A companhia aérea KLM anunciou que foi “forçada a suspender a maior parte das suas operações” devido à falha informática mundial. Num comunicado enviado à AFP, a KLM afirmou que a falha tornou “impossível a gestão dos voos”.

A bolsa de valores de Londres, o mais importante mercado financeiro na Europa, encontrava-se com dificuldades poucos minutos depois da abertura. E a estação televisiva Sky News esteve várias horas com a emissão interrompida, mas já terá voltado à normalidade bem como o canal para crianças da BBC (CBBC) que também esteve com a transmissão interrompida durante breves momentos.

Perante a falha de sistemas em diversos setores no Reino Unido, o governo britânico acionou o sistema Cobra — protocolo utilizado em caso de emergência nacional ou de grandes disrupções em áreas-chave do país, adiantou o jornal britânico The Telegraph. Os ministros estarão em contacto para tentar resolver a situação o mais rápido possível.

Fonte do gabinete de imprensa dos Jogos Olímpicos de Paris disse ao Observador que também os sistemas informáticos da organização estavam a ser afetados, sendo que foram mobilizadas equipas técnicas para tentar reduzir o impacto do problema. A mesma fonte acrescentou que, caso a situação se mantivesse, seriam acionados planos de contingência.

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