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O quarto e último dia da Convenção do Partido Republicano ficou marcado pelas declarações de apoio de antigos wrestlers a Donald Trump, na noite de quinta-feira. A mais notável foi a de Terry Bolea, mais conhecido pelo seu nome de palco Hulk Hogan, que decidiu “dar uma amostra” de uma performance no ringue e acabou a rasgar a camisola durante o seu discurso.

“Já vi muitas equipas na minha vida [referindo-se ao wrestling], mas eu vejo ali em cima a melhor equipa de sempre, pronta para endireitar este país para os verdadeiros americanos”, afirmou Hogan logo à partida, apontando para a bancada onde Donald Trump assistia à intervenção, referindo-se ao candidato como “o seu herói e um gladiador”.

O fundador da Hulkmania dos anos 80 não demorou a encontrar um título para “os verdadeiros americanos que apoiam Trump”: declarou-os trumpites. “Com o poder de Donald J. Trump, e os seus trumpites à solta, a América vai ser grande outra vez“, defendeu, utilizando o lema da campanha.

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No final de junho, Hogan deu uma entrevista ao canal NewsNation em que admitia em que ainda não sabia se ia apoiar o candidato democrata ou republicano. “Só quero que ganhe o melhor”, respondeu na altura. Mas em três semanas, o atleta e artista parece ter tomado uma decisão, a julgar pela sua declaração de apoio incondicional. O ponto de viragem? A tentativa de assassinato a Donald Trump no sábado passado.

Donald Trump. “Ouvi um zumbido, tiros e senti imediatamente uma bala a rasgar a pele”

O que aconteceu na semana passada, quando eles deram um tiro ao meu herói e tentaram matar o próximo presidente dos Estado Unidos, [levou-o a dizer]: já chega! Deixem a Trumpmania andar à solta, deixem a Trumpmania governar novamente, deixem a Trumpmania tornar a América grande outra vez”, repetiu. Enquanto dizia estas palavras, Hogan rasgou teatralmente a camisola, revelando uma t-shirt vermelha em que se pode ler “Trump Vance 2024”, de apoio à candidatura republicana.

As palavras de apoio e a exibição foram recebidos pelo público com gritos eufóricos e cânticos de “EUA! EUA! EUA!”, de punho erguido, aos quais Donald Trump também se juntou, ainda de ligadura na orelha direita. Num movimento exagerado, Hogan colocou a mão atrás da orelha, incentivando os gritos da audiência.

“Eu não vim aqui como Hulk Hogan, mas eu tinha de vos dar uma amostra”, explicou Terry Bolea. “Como um entertainer, eu tento manter-me fora da política, mas com o que tem acontecido durante os últimos 4 anos e o que aconteceu na semana passada, eu não podia ficar calado. Donald Trump é um verdadeiro herói americano e estou orgulhoso de apoiar o meu herói como o próximo Presidente destes Estados Unidos“, continuou.

Hogan reafirmou esta ideia de como a tentativa de assassinato o impeliu a expressar o seu apoio ao “herói” Trump numa entrevista na quinta-feira à tarde. “Eu já não podia ficar calado”, repetiu ao canal Fox News.

Apesar da declaração de apoio formal ser recente, Hogan garante que já conhece Trump há mais de 35 anos, relembrando o momento em que ganhou o título nacional do campeonato de wrestling na Trump Plaza, em frente ao candidato republicano.

“Ele sempre foi o maior patriota, não interessam as probabilidades, ele vai sempre encontrar maneira de ganhar. Eles atiram tudo ao Donald Trump: investigações, impeachments, casos em tribunal e ele continua de pé e a dar-lhes uma tareia”, exaltou Hogan.

Traçando paralelos entre a sua carreira no ringue e a carreira política de Trump, Hogan garantiu que com uma nova vitória do ex-Presidente em novembro “todos seriam campeões”. Afirmou ainda que o wrestler pode ter “derrotado gigantes no ringue” e conhece homens duros, mas “Donald Trump é o mais duro de todos”.

Hogan conclui a sua intervenção defendendo que durante os quatro anos da governação Trump os Estados Unidos viveram o famoso “sonho americano” e que o país nunca esteve tão bem. “Este novembro podemos salvar o sonho americano para todos e Donald Trump é o Presidente para o fazer”, rematou.

Para além de wrestler, Hogan foi ator e teve o seu próprio reality show. Foi um dos atletas mais proeminentes quando o wrestling se tornou popular nos anos 80 e detém o recorde de mais títulos mundiais consecutivos, com seis campeonatos mundiais conquistados. Em 2005, o seu nome foi incluído no WWE Hall of Fame, ao qual se juntou o de Donald Trump, por contribuições para a modalidade em 2013.

Para além de um lugar na parede da fama do wrestling Hogan e Trump partilham também a frequência com que estão envolvidos em polémicas. Se Trump é o único ex-Presidente condenado em tribunal, Hogan destaca-se por ter tido o seu nome retirado do Hall of Fame em 2015 por comentários racistas. O seu nome devolvido depois de vários wrestlers negros terem expressado o seu apoio ao atleta. Hogan já foi alvo de outras acusações, que nunca chegaram a condenações em tribunal.

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Mas se a vida de Hogan é bastante pública e clara, o mesmo não se pode dizer das suas opiniões políticas. Apesar do apoio incondicional a Donald Trump, isto não se reflete num apoio ao partido republicano. Em 2012, Hogan deixou elogios tanto a Barack Obama, o candidato democrata como a Mitt Romney, o candidato republicano, relata o New York Times.