A União das Misericórdias Portuguesas apresentou esta quinta-feira uma nova proposta de aumento salarial, que passa de cinco para 20 euros, revelou o Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), que vai agora ouvir os trabalhadores até setembro.

Em declarações à agência Lusa, a dirigente do CESP explicou que, relativamente aos trabalhadores da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), os representantes da instituição apresentaram “uma nova tabela salarial”.

“Vai ao encontro das nossas reivindicações, no sentido de que a progressão de carreira, a valorização, os anos de antiguidade não sejam os cinco euros propostos, mas que sejam os 20 [euros], que era o que já tínhamos em 2022”, adiantou Catarina Fachadas.

A dirigente sindical admitiu que há uma evolução em matéria de aumentos salariais, mas apontou que, em relação aos retroativos, a UMP “pretende continuar a esquecer o ano de 2023”.

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Como se não tivéssemos tido este brutal aumento do custo de vida e retroagir este aumento a 1 de janeiro de 2024″, criticou.

Relativamente aos trabalhadores das várias santas casas da misericórdia do país, Catarina Fachadas referiu que “a questão já é diferente”, porque “mantêm a postura inicial, um bocadinho intransigente”.

Segundo a dirigente sindical, a proposta apresentada mantém que as condições negociadas para estes trabalhadores “estejam dependentes da aceitação por parte do CESP de um contrato coletivo”, sendo que o sindicato entende que esse contrato coletivo de trabalho “não contempla os direitos que os trabalhadores neste momento já adquiriram”.

“Apresentaram-nos uma tabela salarial semelhante à dos trabalhadores da UMP, mas que dizem logo que aquela tabela está dependente da negociação de um contrato coletivo“, disse Catarina Fachadas.

Para a sindicalista, a avançar, a negociação de um contrato coletivo de trabalho para as misericórdias teria de ir no sentido da reposição de direitos, matéria que os representantes das misericórdias terão alegado que já negociaram com outra estrutura sindical.

Sobre essa questão em concreto, Catarina Fachadas recusou enunciar qualquer valor, com o argumento de que os representantes das misericórdias não concretizaram, afirmando apenas estar disponíveis para “pagar já”, caso haja entendimento, com retroativos a janeiro.

A dirigente sindical sublinhou que os provedores das santas casas propõem aplicar uma tabela salarial semelhante à da UMP, mas “deixando para trás toda a antiguidade que estes trabalhadores têm“, por via da aplicação de uma portaria de extensão publicada em novembro de 2022.

“Estes trabalhadores já conquistaram o direito a receber o valor da diuturnidade a cada 5 anos. E é isto que os provedores, as mesas administrativas, pretendem que os trabalhadores ignorem e que é seu por direito”, criticou.

Explicou que a proposta de aplicação dos aumentos salariais de 20 euros está dependente da aceitação do novo contrato coletivo de trabalho, que não contempla as diuturnidades e que, segundo o esclarecimento da sindicalista, deixaria os trabalhadores “dependentes da boa vontade da União, das misericórdias e dos próprios provedores, para negociar aumentos salariais”.

Catarina Fachadas disse ainda que o CESP vai agora ouvir os trabalhadores, tanto da UMP, como das várias misericórdias, para saber se aceitam ou não a proposta apresentada esta quinta-feira, tendo ficado marcada nova reunião para dia 25 de setembro.

A sindicalista disse acreditar, no entanto, que os trabalhadores queiram “continuar a lutar”.