Depois de garantir há três anos que, a partir de 2030, produziria exclusivamente veículos eléctricos, a Volvo viu o seu CEO, Jim Rowan, fazer marcha-atrás e abrir a possibilidade de manter a fabricação de veículos híbridos — o construtor deverá estar a referir-se sobretudo a híbridos plug-in (PHEV), que ainda mantêm incentivos em países como a Alemanha, ao contrário dos eléctricos — para satisfazer alguns clientes. Isto apesar de o CEO da Volvo continuar a defender a tecnologia dos veículos eléctricos, que considera superior aos motores de combustão.
Em declarações à Automotive News, Rowan admitiu que poderá levar mais tempo do que o inicialmente previsto para convencer algumas partes do mundo das vantagens dos modelos a bateria, certamente pensando em questões como a (ainda) insuficiente rede pública de postos de carregamento e o tardar da chegada de eléctricos mais baratos e tão acessíveis quanto os seus congéneres com motores a combustão. Para ultrapassar “esta ponte que alguns dos nossos clientes podem ainda não estar em condições de ultrapassar rumo à electrificação”, avançou o CEO, “consideramos a hipótese de continuar a oferecer os nossos modelos com motores PHEV e mild hybrid (mHEV)”, assegurando que prevêem “continuar a investir nestas tecnologias”.
Agora que a Volvo começa a surgir com os seus primeiros modelos a bateria com plataformas específicas mais eficientes, recorrendo ao banco de órgãos do grupo, a falta de investimento da União Europeia nos eléctricos e a desaceleração nas vendas deste tipo de veículos colocam o construtor sob alguma pressão. À semelhança de outros fabricantes, a marca nórdica teve que rever a sua estratégia e admite recuperar os PHEV e mHEV para ser competitiva face à concorrência. Isto depois de a União Europeia ter cedido às pressões do lobby alemão e permitido que os motores de combustão a combustíveis sintéticos fossem equiparados a eléctricos a bateria, embora emitam poluentes cancerígenos como NOx e partículas no centro das cidades.
A questão do incremento das taxas impostas aos eléctricos fabricados na China — caso dos EX30 e EX90, de momento — leva igualmente a que a marca sueca encontre soluções alternativas de motorizações (a combustão), enquanto não está pronta a produzir o EX30 na Europa e importar o EX90 dos EUA. A contabilização dos consumos e emissões em condições reais de utilização dos PHEV, HEV e mHEV — que são muito superiores aos valores anunciados e que os construtores são obrigados a enviar para a UE — deverá tornar estes veículos menos competitivos e impedidos de aceder a incentivos.