O filme “On Falling”, da portuguesa Laura Carreira, vai integrar a competição oficial do festival de cinema de San Sebastián, que se realiza entre 20 e 28 de setembro naquela cidade basca, anunciou terça-feira a organização.

A primeira longa-metragem da cineasta, que vai ter estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto, dias antes, vai competir pela Concha de Ouro ao lado do novo trabalho do realizador espanhol Albert Serra, “Tardes de Soledad” (“Tardes de Solidão”), que tem coprodução da portuguesa Rosa Filmes.

A competição oficial vai contar também com novos filmes de realizadores como Gia Coppola, Costa-Gavras, Mike Leigh, Joshua Oppenheimer e François Ozon, entre outros.

Como recorda a sinopse do filme divulgada pelo festival, “On Falling” (“Sobre o cair”, em tradução literal) “retrata a precária vida de uma trabalhadora portuguesa num enorme armazém da Escócia”.

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O filme é uma de duas estreias na competição de San Sebastián, a par da argumentista chinesa Xin Huo, em estreia na realização, que vai apresentar “Bound in Heaven”.

Protagonizado pela atriz Joana Santos, “On Falling” é a primeira longa-metragem de ficção de Laura Carreira, tem produção da portuguesa BRO, em coprodução com o Reino Unido, através da Sixteen Films, cofundada pelo realizador Ken Loach.

Em “On Falling”, Laura Carreira volta a explorar as questões ligadas ao trabalho e à precariedade, tal como aconteceu nas curtas-metragens “Red Hill” (2918) e “The Shift” (2020).

Laura Carreira, que nasceu no Porto em 1994, rumou em 2012 para a Escócia para estudar Cinema, coincidindo na altura com a crise económica que assolou Portugal, e é no Reino Unido que ainda vive e trabalha.

Em entrevista à agência Lusa em 2020, quando mostrou “The Shift” no festival de Veneza, Laura Carreira contou que queria continuar a explorar temas que, no seu entender, são pouco abordados no cinema, relacionados com pobreza, trabalho, perda de direitos, precariedade, mas sempre pela ficção.

“É muito difícil conseguir retratar [pelo documentário] certos temas com pessoas reais, especialmente o tema do trabalho, o da pobreza. A ficção dá-me uma liberdade muito maior que no documentário nunca encontrei. Com a ficção chego a verdades mais reais. Senti que o documentário me limitava muito”, explicou.

Mesmo escolhendo a ficção, a realizadora considera que falta, por vezes, ligação ao real: “Os problemas com que as pessoas lidam diariamente não são as ficções que nós vemos no cinema”.

“On Falling” conta com apoio financeiro do Instituto do Cinema e do Audiovisual.