O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, advertiu esta terça-feira que o bloco europeu não reconhecerá os resultados das eleições presidenciais na Venezuela até que os resultados sejam públicos e verificados.
As declarações do Alto Representante da União Europeia para a Política Externa surgem depois de o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano ter declarado o Presidente Nicolás Maduro vencedor com 51% dos votos, embora sem resultados oficiais completos.
As autoridades venezuelanas devem garantir a transparência e a integridade do processo através da verificação independente dos resultados das assembleias de voto”, reiterou o Alto Representante numa nova declaração sobre a crise que se seguiu às eleições presidenciais de domingo.
O Alto Representante sublinhou que o CNE deve facultar o acesso imediato aos registos de votação de todas as assembleias de voto. “Enquanto as autoridades não publicarem as atas e estas não forem verificadas, os resultados anunciados não podem ser reconhecidos“, sublinhou.
Neste sentido, o chefe da diplomacia europeia insiste que está a acompanhar a situação com “preocupação” e salienta que a CNE “só apresentou os resultados correspondentes a 80% da contagem dos votos”, tudo “sem fornecer qualquer fonte ou sistema que permita a verificação”.
Apesar disso, criticou a CNE por ter declarado Maduro vencedor apesar de ter resultados parciais “não verificáveis”. “Numa democracia, os resultados devem ser completos e verificáveis de forma independente para serem reconhecidos”, declarou.
Borrell salienta ainda que os dados fornecidos pela oposição mostram “um resultado radicalmente diferente do anunciado pelo CNE” e insiste que a UE defende a via eleitoral como solução para a crise política e económica no país sul-americano.
Líder da oposição venezuelana volta a reivindicar vitória e garante que tem “como provar a verdade”
Em relação às manifestações na Venezuela, onde centenas de cidadãos saíram à rua desde domingo para protestar contra os resultados eleitorais, o Alto Representante sublinhou que as manifestações e os protestos devem ser “pacíficos”. “As forças de segurança devem garantir o pleno respeito pelos direitos humanos, em particular os direitos de manifestação e reunião”, afirmou.
Esta terça-feira, a UE disse que era “prematuro” sancionar a Venezuela, embora esteja a considerar os próximos passos com os parceiros internacionais para encontrar uma saída para a crise após as eleições presidenciais de domingo. “Falar de sanções é prematuro, as discussões entre os Estados-Membros continuam e temos interações com parceiros regionais e internacionais para avaliar todo o processo e discutir os próximos passos”, disse o porta-voz dos negócios estrangeiros do bloco, Peter Stano, numa conferência de imprensa em Bruxelas.