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O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pediu, esta quarta-feira, ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) do país que certifique os resultados das eleições presidenciais de domingo, contestados pela oposição e não reconhecidos por parte da comunidade internacional.

“Que o Gabinete Eleitoral (um dos seis gabinetes que compõem o STJ) se reúna para resolver este ataque ao processo eleitoral e esclareça tudo o que houver que esclarecer”, disse. Maduro falava aos jornalistas em Caracas, à saída do STJ, após apresentar o pedido em resposta às denúncias de fraude avançadas pela oposição.

Sem divulgar o conteúdo do recurso, Maduro afirmou que o Governo e o Partido Socialista Unido da Venezuela estão prontos para divulgar todas as atas eleitorais e acusou a oposição interna, com a ajuda de opositores asilados no estrangeiro, de tentar “um golpe de Estado contra o governo, utilizando o processo eleitoral”.

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“Perante a guerra psicológica nas redes sociais e na imprensa, peço ao TSJ que se reúna e convoque, como é da sua competência, todas as instituições, o Poder Eleitoral, o Poder Executivo, o Poder Moral, o Ministério Público, e todos os candidatos presidenciais, os 38 partidos, e faça um levantamento completo do que foi este ataque”, disse.

Maduro pediu ainda que os resultados eleitorais sejam certificados “com um parecer de peritos do mais alto nível técnico” e explicou estar na disposição de ser convocado, interrogado, investigado e submetido à justiça.

A Venezuela regista desde segunda-feira protestos em várias regiões do país contra os resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O CNE da Venezuela proclamou oficialmente, na segunda-feira, Nicolás Maduro como Presidente para o período 2025-2031.

De acordo com os dados oficiais do CNE, Maduro foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,2% dos votos, tendo obtido 5,15 milhões de votos. O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve pouco menos de 4,5 milhões de votos (44,2%), indicou o CNE.

A oposição venezuelana reivindica a vitória nas eleições presidenciais, com 70% dos votos para Gonzalez Urrutia, afirmou a líder opositora María Corina Machado, tendo tornadas públicas atas da larga maioria das mesas de voto para sustentar a reclamação.

Sobre a divulgação das atas que sustentam os resultados do CNE, pedida por vários países, Maduro disse estar “disponível” para o fazer. “Eu disse, enquanto dirigente político, filho do comandante (Hugo) Chávez, que o Grande Pólo Patriótico, o Partido Socialista Unificado da Venezuela, está pronto a apresentar 100% dos resultados“, afirmou.

Horas depois, em conferência de imprensa, Maduro ainda deixaria uma mensagem à oposição. “Não tem capacidade para ter poder político neste país e nunca chegarão ao poder político. Eu asseguro-vos e eu sei do que falo: estes criminosos jamais chegarão lá”, afirmou, citado pela agência Infobae.

O governante disse que a oposição e as suas principais figuras são prejudiciais à Venezuela, acusando os seus políticos de atacarem os seus apoiantes. “Vocês têm as mãos manchadas de sangue”, atirou, acrescentando que deveriam estar “presos”.

Maduro também criticou o Centro Carter, o observador internacional convidado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que disse que as eleições “não foram democráticas”. “Todos viram que o Centro Carte já traziam o seu relatório escrito”, afirmou.

Após o recurso de Maduro ao STJ, o Centro Carter norte-americano, que teve uma delegação a observar as eleições de domingo, já tinha sublinhado que a instituição judicial seria incapaz de conduzir o processo de forma independente.

“Seria outra instituição governamental nomeada pelo governo para verificar os números do governo para os resultados eleitorais que estão em questão”, disse Jennie K. Lincoln, conselheira sénior do Centro Carter para a América Latina e o Caribe. “Isto não é uma avaliação independente”, frisou

O Centro Carter disse na terça-feira que não foi capaz de verificar os resultados das eleições, culpando as autoridades por uma “falta completa de transparência” ao declarar Maduro o vencedor.