“És a única pessoa que me compreende só com um olhar. A única que compreende o meu sofrimento, a minha melancolia, a minha raiva, a minha felicidade… Tudo através de um simples olhar”.
A declaração foi feita por Alice D’Amato há cerca de três anos, no dia em que completou 18, e serviu para dar os parabéns à irmã gémea, Asia. Esta segunda-feira, nos Jogos Olímpicos de Paris, a ginasta venceu a final da trave e conquistou a primeira medalha de ouro olímpica depois de já ter sido prata com Itália na final all around por equipas. E é fácil entender que subiu ao lugar mais alto do pódio por duas — e a pensar na irmã.
Asia D’Amato, que também é ginasta e esteve nos Jogos Olímpicos de Tóquio, sofreu uma lesão grave nos últimos meses e falhou o apuramento para Paris. As duas irmãs fizeram todo o percurso em conjunto, desde o momento em que deixaram Génova, ainda crianças, para se mudarem para Brescia após a entrada na Academia Internacional de Brixia. Fizeram parte da equipa italiana que surpreendeu nos Europeus de 2022, ao conquistar o ouro por equipas em Munique, e passaram pela maior provação das próprias vidas pouco depois, com a morte do pai.
Alice D'Amato, Italy's first ???????????????? Olympic champion in women's gymnastics! ???????????? pic.twitter.com/xwX2aYxHOI
— The Olympic Games (@Olympics) August 5, 2024
“Passámos por muito juntas. A morte do nosso pai deixou uma cicatriz, mas o nosso elo de ligação ajudou-nos a passar por isso. Já tivemos de nos separar por várias razões em diversos momentos e foi sempre difícil. Sempre fizemos tudo juntas. Quando ela não está, é como se faltasse parte de mim”, explicou Alice D’Amato numa entrevista recente ao site dos Jogos Olímpicos.
Esta segunda-feira, a italiana acabou por justificar as notícias que indicavam que era uma das candidatas ao ouro na trave. Numa final com vários sobressaltos, onde quatro das oito finalistas acabaram por cair, Simone Biles também sofreu uma queda e não foi além do 5.º lugar. Alice D’Amato superiorizou-se à concorrência e ficou à frente da chinesa Zhou Yaquin e da também italiana Manila Esposito, que conquistaram prata e bronze.
A ginasta de 21 anos não escondeu as lágrimas no momento em que viu a própria pontuação nos ecrãs e voltou a chorar quando a vitória ficou confirmada, naquele que foi o momento mais alto de uma carreira que ainda lhe permite marcar presença em mais do que uma edição dos Jogos Olímpicos. Esta segunda-feira, também por Asia e pelo pai, Alice sagrou-se campeã olímpica.
Alice D'Amato ma cosa hai fatto?! Siamo in una valle di lacrime ????????????#HomeOfTheOlympics #Paris2024 #ArtisticGymnastics #GinnasticaArtistica #DAmato pic.twitter.com/xaTm66lb9R
— Eurosport IT (@Eurosport_IT) August 5, 2024