O presidente da ANGeS – Associação Nacional de Gerontologia Social apelou esta quarta-feira ao Estado para que apoie o projeto desenvolvido em Pombal, que previne a institucionalização de idosos e que tem diminuído a solidão e a depressão.
No âmbito da segunda edição da Ageing Summer School, Ricardo Pocinho adiantou que o projeto AGEING@LAB, desenvolvido em Pombal, tem sido inteiramente suportado pela ANGeS e pelo Município de Pombal.
“Não nos parece que algum Governo nos tenha entendido. Este projeto custa cerca de 50 euros por pessoa por mês e visa evitar a institucionalização de pessoas. O Estado devia entender aquilo que temos advertido: cada uma destas pessoas que seja institucionalizada tem para o erário público o custo de 10 vezes mais”, adiantou Ricardo Pocinho.
Segundo explicou o presidente da ANGeS, “a comparticipação do Estado é de cerca de 500 euros por cada idoso, para uma vaga na estrutura residencial para pessoas idosas que tenha acordo com a Segurança Social”.
“Portanto, custa-lhes 10 vezes mais do que o nosso projeto”.
O responsável lamentou que o AGEING@LAB, cujos resultados científicos já provaram que as atividades realizadas com idosos reduzem a solidão e a depressão, não seja reconhecida em Portugal, quando instituições estrangeiras o têm feito.
Além do financiamento obtido para realizar a Ageing Summer School, o projeto foi candidatado a diversos projetos e organismos financiadores numa perspetiva de poder ser alargado no território e permitir a contratação de mais técnicos.
Ricardo Pocinho adiantou que no âmbito do AGEING@LAB, que integra o Centro Educativo para Seniores de Pombal, tem sido possível reduzir a solidão através de atividades.
“Também reduzimos em cerca de 90% o índice de pessoas com sintomatologia depressiva e ansiogénica. Estamos a administrar uma terapia, que se denomina de prescrição social. Aquilo que estamos a fazer hoje não é mais do que medicação social. É valorizar e colocar as pessoas dentro do seu papel, através de inclusão e atividades na comunidade, e, com isso, reduzir aquilo que é patológico”, explicou.
Por isso, discorda da interrupção das universidades seniores, para pausa nas férias, uma vez que não se para a administração de um medicamento durante quase três meses.
Ricardo Pocinho desafiou outros municípios, instituições e até o Estado a desenvolveram um projeto idêntico ao AGEING@LAB, disponibilizando-se a ceder os conteúdos validados gratuitamente “a todos os que queiram seguir este modelo”, sendo que terá de ser adaptado à respetiva população.
“O nosso projeto já foi modificado uma dezena de vezes, no mínimo, para alcançarmos os ganhos que pretendemos. Pode ser mais mobilidade, mais força, mais equilíbrio, menos risco de queda, mais autonomia do ponto de vista da literacia, mais cuidados com aquilo que são os comportamentos societários de hoje, mais estimulação cognitiva ou mais resistência à doença”, precisou.
Este ano, estão a participar no projeto da ANGeS em Pombal 130 idosos, cujo impacto das suas atividades está a ser monitorizado cientificamente.
Sobre o Ageing Summer School, que obteve um financiamento de 25 mil euros no âmbito do Erasmus +, o presidente da ANGeS referiu que 38 jovens de Macedónia, Lituânia, República Checa, Itália, Espanha e Portugal desenvolveram atividades de formação, em Pombal, numa perspetiva de relacionamento intergeracional.