O ministro da Justiça espanhol recordou esta sexta-feira que a operação para garantir a prisão do independentista Carles Puigdemont no seu regresso a Espanha era da responsabilidade da polícia catalã e disse que o ex-ministro da Administração Interna dará explicações.
Falando aos jornalistas a partir de Paris, Félix Bolaños foi o primeiro membro do governo a reagir, um dia depois, ao regresso de Carles Puigdemont a Espanha e à sua posterior fuga, após ter feito um comício em Barcelona na manhã de quinta-feira.
O ministro da Justiça, Presidência e Relações com as Cortes centrou-se na responsabilidade da polícia da Catalunha (Mossos d’Esquadra), tanto na operação policial que deveria garantir a prisão de Puigdemont, como na investidura de Salvador Ila como presidente do executivo regional catalão.
Neste contexto, Bolaños referiu-se à conferência de imprensa que o ministro cessante da Administração Interna, Joan Ignasi Elena, dará esta sexta-feira para explicar esta operação, embora tenha defendido que “Espanha é um Estado de Direito onde a lei é cumprida e onde as ordens judiciais devem ser cumpridas”.
“Todo o respeito pelas investigações que estão a ser realizadas pelos Mossos d’Esquadra, bem como por todas as investigações que também dão origem a procedimentos judiciais. Do Governo de Espanha, o que fazemos e garantimos é que Espanha é um Estado de Direito onde a lei é cumprida e onde os mandados devem ser cumpridos”, enfatizou.
No entanto, Bolaños acrescentou que, na sua opinião, “o fundamental” do dia desta quinta-feira foi a eleição de Salvador Illa como presidente da Generalitat da Catalunha, “abrindo uma nova etapa de harmonia, diálogo e futuro”.
“Fiquemos com o que é importante, porque um episódio que em nada contribuiu para a sociedade catalã não nos pode ajudar a esquecer que ontem o que aconteceu foi a superação de uma década perdida na Catalunha, uma década de confrontos estéreis”, afirmou o governante, sublinhando ainda: “Ontem foi o primeiro dia do futuro da Catalunha, um futuro de prosperidade, de acordos e, claro, de um presidente que vai cuidar do que importa para os cidadãos catalães.”
Nesta linha, o ministro também valorizou “o patriotismo inteligente” das políticas do Governo de Pedro Sánchez, que levaram Salvador Illa a ser o novo presidente da Catalunha.
O Tribunal Supremo espanhol pediu esta sexta-feira à polícia catalã e ao Ministério da Administração Interna informações sobre a operação para deter Carles Puigdemont e “os elementos que determinaram o seu fracasso do ponto de vista técnico-policial”.
Dois elementos dos Mossos d’Esquadra foram detidos na quinta-feira por suspeita de terem ajudado o dirigente independentista a abandonar o centro de Barcelona sem ser detido.
Puigdemont, antigo presidente do Governo Regional da Catalunha e protagonista da declaração unilateral de independência da região de 2017, vive no estrangeiro desde então, para fugir à justiça espanhola, e continua a ser alvo de um mandado de detenção em território nacional.
Apesar disso, conseguiu surgir na quinta-feira em público numa concentração de milhares de apoiantes no centro de Barcelona sem ser detido.
Também esta sexta-feira, o secretário-geral do partido Junts per Catalunya (Juntos pela Catalunha), Jordi Turull, disse à rádio catalã que o líder independentista catalão Carles Puigdemont partiu “em direção a Waterloo”, na Bélgica, depois de se ter deslocado na quinta-feira Barcelona.