O parlamento da Líbia votou com unanimidade para o término do mandato do governo baseado na capital do país, Tripoli, liderado pelo primeiro-ministro, Abdul Hamid Dbeibeh, esta terça-feira, avança a Anadolu.

Num comunicado citado pela agência turca, o porta-voz parlamentar, Abdullah Belhaiq disse que a assembleia de Benghazi votou para considerar o gabinete de Osama Hammad, baseado na região oriental do país, como “o governo legítimo até ser escolhido um novo governo unificado”. Adicionalmente, nomearam o presidente do parlamento, Aguila Saleh, como comandante das Forças Armadas líbias, substituindo o atual detentor do cargo, o conselho presidencial.

O país é atualmente governado por duas administrações distintas: o Governo da União Nacional (GUN), reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), liderado por Dbeibeh em Tripoli e que controla a parte ocidental do território; e o governo de Osama Hammad, nomeado pelo parlamento, que opera na cidade costeira Benghazi e governa a região oriental e partes do sul da Líbia.

Hamid Dbeibeh e o GUN rejeitaram esta votação, dizendo que “as decisões do parlamento, que de nenhuma forma mudam a realidade, são afirmações emitidas por um partido político a tentar estender os seus anos no poder, não por uma autoridade legislativa representante de toda a nação”, segundo a Atalayar. Reiteraram ainda a intenção de permanecer no poder até às eventuais eleições presidenciais e legislativas, que ainda não têm data marcada.

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O comandante do exército nacional da Líbia, o marechal Khalifa Haftar — importante figura na política do país —, aceitou a decisão do voto parlamentar, enquanto o governo oriental a tentou implementar a todo custo, pedindo a vários países e organizações que a reconhecessem e mudassem as embaixadas para Benghazi.

Os esforços da ONU para convocar eleições, tanto parlamentares como presidenciais, estão estagnados, prolongando o impasse político do país e escalando a tensão militar na nação rica em petróleo.

Os problemas polícias na Líbia começaram na guerra civil de 2011 quando o líder, Muammar Kadhafi, foi expulso do poder após mais de 40 anos de governação. Mas foi em março de 2022 que surgiu este regime bipartidário, com uma administração dividida. Esta começou após o adiamento das eleições de dezembro de 2021 por parte de Dbeibeh, então primeiro-ministro interino, que se recusou a transferir o poder, levando à formação de um segundo governo a operar de Benghazi.

Aguila Saleh explicou à Atalayar que o mandato do GUN não deveria durar mais do que o tempo definido — um ano, com possível extensão de um ano adicional —, dizendo que o governo ocidental perdeu a sua legitimidade há mais de cinco anos.

A decisão que levou à convocação desta votação vem no seguimento de uma tentativa falhada de renovação presidencial do Conselho de Estado, bem como rumores do Presidente do Conselho Presidencial querer, alegadamente, derrubar o governador do banco central do Líbano, o que iria “obstruir o acesso nacional a mercados financeiros internacionais”, segundo Saleh.