A vitória contra o Rio Ave na primeira jornada do Campeonato, há cerca de uma semana, permitiu ao Sporting não navegar na maionese da derrota contra o FC Porto na Supertaça e avançar desde logo para a defesa do título. Ainda assim, tanto Rúben Amorim como a própria equipa tinham noção de que qualquer deslize, principalmente ainda durante este mês de agosto, traria de volta os fantasmas de Aveiro.

Este sábado, na Choupana, o Sporting visitava um recém-promovido Nacional e procurava carimbar a segunda vitória em duas jornadas — e responder desde já ao FC Porto, que horas antes venceu o Santa Clara nos Açores e assegurou precisamente os seis pontos possíveis dos dois primeiros jogos da temporada. E Rúben Amorim tinha na memória o encontro com o Nacional de 2020/21, a última temporada em que os madeirenses estiveram na Primeira Liga, onde os leões tiveram muita dificuldade para ganhar no Funchal.

Ficha de jogo

Mostrar Esconder

Nacional-Sporting, 1-6

2.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Madeira, no Funchal

Árbitro: Luís Godinho (AF Évora)

Nacional: Lucas França, Ulisses, José Gomes, Bruno Costa (Miguel Baeza, 53′), Adrián Butzke (Isaac, 68′), Luís Esteves, Nigel Thomas (Rúben Macedo, 56′), Gustavo Garcia, Zé Vítor, Appiah (Gabriel Santos, 53′), Matheus Dias (André Sousa, 68′)

Suplentes não utilizados: Rui Encarnação, João Aurélio, Daniel Penha, Francisco Gonçalves

Treinador: Tiago Margarido

Sporting: Kovacevic, Geny Catamo (Matheus Reis, 78′), Eduardo Quaresma (Zeno Debast, 69′), Diomande (Iván Fresneda, 86′), Gonçalo Inácio, Geovany Quenda, Daniel Bragança, Morita (Dário Essugo, 78′), Trincão (Marcus Edwards, 86′), Gyökeres, Pedro Gonçalves

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Mateus Fernandes, Ricardo Esgaio, Gabriel Silva

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Pedro Gonçalves (16′), Nigel Thomas (36′), Trincão (40′ e 57′), Gyökeres (51′, gp e 76′), Daniel Bragança (66′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Ulisses (45+1′), a Gonçalo Inácio (90+2′)

“Temos de mostrar a mesma identidade. É sempre difícil jogar na Madeira, o Nacional é uma equipa que subiu e que está habituada a ganhar e isso sente-se. Temos de estar no nosso melhor nível para vencermos o jogo, seguirmos em frente e continuarmos no nosso lugar. Estamos a lidar com um grupo completamente diferente, com miúdos que mesmo com poucos jogos pelo Sporting têm muito mercado. É um bocadinho do sucesso que tivemos. O próprio Gonçalo Inácio cresceu muito, está mais interventivo. O Hjulmand está aí. O plantel está preparado para dar resposta”, explicou o treinador leonino na antevisão da partida.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Amorim não contava com o capitão Hjulmand, que sofreu um traumatismo no tornozelo durante a semana e era baixa, e Daniel Bragança substituía o dinamarquês no meio-campo e enquanto dono da braçadeira. De resto, o Sporting mantinha o onze que venceu o Rio Ave em Alvalade, com Geny Catamo na direita e Geovany Quenda na esquerda e Eduardo Quaresma e Diomande a manterem a titularidade no trio defensivo, em detrimento de Debast. Do outro lado, depois do empate com o AVS na primeira jornada, Tiago Margarido lançava Nigel Thomas, Adrián Butzke e Appiah no setor mais adiantado.

O Nacional começou melhor, com Luís Esteves a ter a primeira situação de perigo com um remate de fora de área que passou ao lado (1′) e Adrián Butzke a cabecear também ao lado logo depois (3′). Os madeirenses iam aproveitando alguns erros do Sporting na saída de bola, algo que deixava Rúben Amorim muito impaciente na linha técnica, e surgiam com facilidade no último terço contrário e perto do espaço de Kovacevic.

Os leões começaram a responder por intermédio de Daniel Bragança, que rematou por cima de fora de área (5′), e assentaram o jogo no meio-campo adversário a partir dos dez minutos iniciais. O Nacional fechava-se bem, com as linhas juntas e sem permitir grandes lateralizações, e o Sporting procurava fazer estragos no corredor central com passes curtos e recorrendo à qualidade técnica individual. E foi assim que, à passagem do primeiro quarto de hora, conseguiu chegar à vantagem.

Gonçalo Inácio recuperou a bola em zona adiantada, Bragança soltou Pedro Gonçalves e o avançado avançou sozinho, passando por vários adversários, antes de rematar em jeito e já em esforço na área para abrir o marcador e chegar ao terceiro golo em duas jornadas (16′). Os leões poderiam ter aumentado a vantagem logo depois, com Trincão a rematar por cima (24′) e Quenda a atirar à baliza (26′), mas o Nacional respondeu à desvantagem a partir da meia-hora.

A equipa de Tiago Margarido subiu as linhas e empurrou o Sporting para o próprio meio-campo, acumulando oportunidades de golo através de Appiah (30′), Zé Vítor (31′) e Butzke (34′), com Kovacevic, Gonçalo Inácio e Eduardo Quaresma a mostrarem-se em bom plano com defesas e cortes cruciais. Ainda assim, pouco depois, ninguém evitou o empate: Matheus Dias abriu a defesa leonina com um passe vertical brilhante e Nigel Thomas recebeu para rematar cruzado e fazer o golo dos madeirenses (36′).

A reação do Sporting, porém, foi quase instantânea. Pedro Gonçalves descaiu na esquerda e descobriu Trincão, que entrou na área com a bola controlada até encontrar a altura certa para rematar de pé esquerdo e recuperar a vantagem (40′). Ao intervalo, os leões estavam a vencer o Nacional na Madeira depois de uma primeira parte muito animada e muito complexa para as ambições da equipa de Rúben Amorim.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e o Nacional voltou a entrar melhor, com Appiah (47′) e Luís Esteves (49′) a forçarem Kovacevic a duas intervenções atentas com dois remates logo nos instantes iniciais da segunda parte. Tal como aconteceu no primeiro tempo, porém, o golo apareceu do outro lado: Bruno Costa fez falta sobre Geovany Quenda no interior da área madeirense e Gyökeres, na conversão da grande penalidade, não falhou (51′).

Tiago Margarido reagiu com duas substituições, lançando Miguel Baeza e Gabriel Santos, sendo que acabou por ser forçado a trocar Nigel Thomas por Rúben Macedo por problemas físicos do avançado neerlandês. Ainda antes da hora de jogo, porém, o Sporting chegou à goleada: Matheus Dias falhou por completo a abordagem ao lance, Geny Catamo forçou e recuperou já junto à linha de fundo e na área, assistindo depois Trincão para um remate simples e de primeira (57′).

O Nacional estava totalmente perdido e o Sporting foi aproveitando para assumir cada vez mais o controlo de todas as ocorrências, chegando mesmo ao quinto golo por intermédio de Daniel Bragança, que tirou vários adversários da frente com duas fintas na área para depois rematar em jeito (66′). Logo depois, Rúben Amorim fez a primeira substituição e trocou Eduardo Quaresma por Debast, com Gyökeres a bisar nos instantes seguintes com um pontapé fulminante na sequência de uma assistência do central belga (76′).

O avançado ainda ficou muito perto do hat-trick, com um remate que acertou na trave de Lucas França (87′), mas já nada mudou até ao apito final. No fim, o Sporting goleou o Nacional na Madeira e somou a segunda vitória em duas jornadas do Campeonato, Pedro Gonçalves a assumir novamente o papel de verdadeiro Pote de força de um rolo compressor de Rúben Amorim que não sabe travar a partir do momento em que acelera.