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O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, revelou esta segunda-feira que Israel aceitou uma proposta de cessar-fogo em Gaza e libertação de reféns mediada pelos Estados Unidos. Deixou um apelo para que o movimento islamita palestiniano Hamas faça o mesmo, mas a resposta parece estar longe daquela que a Casa Branca pediu.

“Numa reunião muito construtiva com o primeiro-ministro [Benjamin] Netanyahu, ele confirmou-me que Israel apoia a proposta. Agora cabe ao Hamas fazer o mesmo“, disse numa conferência de imprensa na tarde desta seguna-feira, após uma reunião de duas horas e meia com Netanyahu.

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“Depois disso, ambas as partes, com o apoio dos mediadores — os Estados Unidos, o Egito e o Qatar — têm de se reunir e finalizar o processo de entendimento sobre como implementar os compromissos que foram feitos sob este acordo”, explicou Blinken, que está de visita ao Médio Oriente pela nona vez desde o início do conflito.

O secretário de Estado norte-americano descreveu a proposta como a “melhor forma” de libertar os reféns e aliviar o sofrimento em Gaza, bem como impedir uma escalada do conflito e abrir um caminho para a construção de uma paz duradoura na região. Questionado pelos jornalistas sobre a mensagem que deixa ao Hamas, respondeu: “Se realmente se importa com o povo palestiniano que de alguma forma diz representar, então deve aceitar esta proposta e trabalhar em entendimentos claros para a implementar.”

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos já tinha referido esta segunda-feira que era chegado o momento de concluir um acordo de cessar-fogo em Gaza que devolveria a Israel os reféns detidos pelo Hamas e à população do enclave a ajuda humanitária necessária, após mais de 10 meses de combates devastadores.

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Na sua intervenção após a reunião com o chefe do executivo israelita, Blinken não disse se tinham sido abordadas as preocupações do Hamas, nomeadamente o controlo de dois corredores estratégicos em Gaza exigido por Israel.

Pela altura em que decorria a conferência de imprensa de Blinken, o gabinete de primeiro-ministro publicou um comunicado a apoiar a proposta de cessar-fogo. “O primeiro-ministro reiterou o compromisso de Israel com a atual proposta americana sobre a libertação dos nossos reféns, que tem em consideração as necessidades de segurança de Israel”, refere o comunicado, que é citado pelo Times of Israel.

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O Hamas ainda não divulgou nenhum comunicado na sequência do anúncio de Blinken, mas um porta-voz do Hamas veio reiterar que o grupo só irá aceitar o acordo de cessar-fogo como foi anunciado pelo Presidente norte-americano em maio. “Só vamos concordar com a implementação da proposta de Biden, que aceitámos há vários meses”, afirmou Osama Hamdan em declarações à Al Jazeera.

“Os israelitas recuaram em alguns aspetos incluídos na proposta de Biden. A conversa de Netanyahu sobre concordar com uma proposta atualizada indica que a administração norte-americana falhou em convencê-lo a aceitar o acordo anterior”, acrescentou. Para Hamdan, os EUA “estão apenas a ganhar tempo para Israel continuar o seu genocídio” na Faixa de Gaza.

O porta-voz do Hamas também falou à Reuters, sublinhando que o facto de Netanyahu ter concordado com a proposta levanta muitas questões. “Não é o que nos foi apresentado e não é o que aceitámos”, disse. Hamdan explicou ainda que o Hamas transmitiu aos mediadores que não é preciso uma nova negociação sobre um cessar-fogo, mas chegar a acordo sobre um mecanismo de implementação.

Na sexta-feira, a ONU apelou a uma “pausa humanitária” de uma semana para vacinar mais de 640.000 crianças. A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 40 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.