Luanda acolhe esta terça e quarta-feira uma reunião ministerial entre representantes da República Democrática do Congo (RDCongo) e o Ruanda, a fim de discutir uma proposta que visa restabelecer a paz no leste da RDCongo.

A iniciativa resulta das recentes visitas que o Presidente angolano, João Lourenço, na qualidade de mediador designado pela União Africana, efetuou a Kigali e a Kinshasa, há pouco mais de uma semana.

Nestas deslocações, João Lourenço entregou uma proposta de acordo de paz aos homólogos do Ruanda, Paul Kagame, e da RDCongo, Félix Tshisekedi.

A proposta submetida às partes visando um entendimento relativamente a uma solução negociada e pacífica do conflito que prevalece na região leste da RDCongo, que se agravou no final de 2023.

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O Presidente angolano, João Lourenço, no seu discurso de sábado no âmbito da transferência da presidência rotativa da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) de Angola para o Zimbabué, reiterou a necessidade de um acordo de paz definitivo entre o Ruanda e a RDCongo.

O chefe de Estado angolano considerou também que há “vontade política” para resolver o conflito, mas admitiu um impasse na desmobilização das forças e anunciou diligências para envolver a Monusco — Missão das Nações Unidas para a estabilização na RDCongo — neste esforço.

No âmbito dos esforços de pacificação da região realizou-se anteriormente outra reunião ministerial que culminou um acordo de cessar-fogo.

Dos encontros resultou ainda a necessidade da elaboração de um Plano de Neutralização das Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR) e a adoção de medidas de reforço da confiança entre as duas partes e do Mecanismo de Verificação Ad-hoc, um mecanismo arbitral, que integra peritos de dos serviços de informação dos três países.

A RDCongo acusa o Ruanda de apoiar o movimento rebelde M23, para se apoderar dos recursos minerais do leste do país, enquanto o grupo armado alega estar a defender uma parte ameaçada da população tutsi que vive na província do Kivu do Norte.

O M23 é um dos mais de 100 grupos armados ativos no leste da RDCongo, região muito rica em ouro e minerais raros fundamentais às maiores tecnológicas mundiais.

A Aliança Rio Congo, movimento político-militar que integra grupos armados como o M23, felicitou todos os intervenientes que procuram uma resolução pacífica da crise no leste da República Democrática do Congo, depois do anúncio de um cessar-fogo entre o Ruanda e a RDCongo mediado por Angola, mas sublinhou que não está “automaticamente vinculada às conclusões de reuniões para as quais não foi convidada”, reclamando o diálogo direto com o Governo de Kinshasa.