Os enfermeiros que em 2018 e 2019 protagonizaram a chamada Greve Cirúrgica, tendo arrecadado milhares de euros, apoiaram 10 instituições de solidariedade social com cerca de 18.000 euros cada.

Uma das instituições apoiada foi a Comunidade Vida e Paz, uma organização de apoio a sem-abrigo, que esta terça-feira anunciou em comunicado ter recebido mais de 18.000 euros dos enfermeiros que em 2018 organizaram a “greve cirúrgica”, um protesto que terminou com 240 mil euros de fundos por usar, segundo números divulgados na altura.

O Grupo Greve Cirúrgica, composto por cinco enfermeiros que organizaram uma ação de crowdfunding para apoiar os colegas que fizeram greve como forma de luta por melhores condições, cumpriu o compromisso assumido desde o início, doar o valor remanescente a associações que prestam apoio à população. A Comunidade Vida e Paz foi uma das instituições escolhidas e recebeu um total de 18.256,30 euros”, anunciou a instituição.

A greve cirúrgica foi posta em prática em 2018 por um grupo de cinco enfermeiros que reivindicavam a valorização da carreira. A greve, era então ministra da Saúde Marta Temido, visou as cirurgias programadas e obrigou ao adiamento de milhares de operações.

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A greve foi decretada por duas estruturas sindicais mas inicialmente a forma de protesto partiu de um movimento de enfermeiros, que lançou um fundo aberto ao público, que recolheu ao todo cerca de 750 mil euros, para compensar os colegas que aderiram à paralisação. Decorreu em duas fases, uma no final de 2018 (mais de 350 mil euros) e outra em fevereiro de 2019 (mais de 400 mil), quando o Governo decretou uma requisição civil dos enfermeiros em blocos operatórios.

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Na altura, em 2019, foi anunciado que do total recebido sobraram mais de 240 mil euros (sendo omisso o desconto ou não de comissões).

Este mês, num comunicado, os enfermeiros envolvidos lembram o processo de há quase seis anos e o compromisso de o dinheiro remanescente ser doado a instituições “que desenvolvessem um papel ativo na sociedade e particularmente relevante em prol dos portugueses”.

“Consideramos que é chegada a hora de cumprir com o pressuposto inicial”, dizem, explicando que sobraram 182.563,07 euros, que foram distribuídos igualmente por 10 instituições.

Além da Comunidade Vida e Paz foram contempladas a UNICEF, a APAV, a Operação Nariz Vermelho, Chão de Meninos, Somos nós, Kastelo, Aldeias SOS, Liga Portuguesa contra o Cancro e Acreditar.

Os cinco enfermeiros dizem ainda que foi assumido o compromisso de que a aplicação do dinheiro reverterá apenas para os beneficiários das associações, e que a entrega do dinheiro é o ultimo ato do movimento Greve Cirúrgica.