O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, advertiu esta quarta-feira que o “crescente autoritarismo da China não se limitará” à ilha e apelou aos “países democráticos” para que se unam para contrariar esta expansão.

A declaração surge um dia depois de um alto funcionário do Partido Comunista Chinês ter afirmado que Pequim está confiante na “reunificação completa” com Taiwan, um território autónomo e democrático que a China reivindica como seu.

Durante o fórum anual Ketagalan sobre “segurança no Indo-Pacífico”, em Taipé, Lai afirmou que Taiwan não é o “único alvo” de Pequim.

“Estamos todos plenamente conscientes de que o crescente autoritarismo da China não se limitará a Taiwan, nem Taiwan é o único alvo da pressão económica chinesa”, afirmou o governante perante políticos e académicos dos 11 países presentes no fórum.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para o líder taiwanês, “a China pretende alterar a ordem internacional baseada em regras”, pelo que os países democráticos “devem unir-se e tomar medidas concretas”.

“Só trabalhando em conjunto poderemos travar a expansão do autoritarismo”, prosseguiu.

Lai Ching-te, que tomou posse em maio, é considerado um “separatista perigoso” pela China devido à sua política firme a favor da soberania de Taiwan.

Nos últimos anos, Pequim intensificou a sua pressão militar e política sobre Taiwan e organizou exercícios militares, tendo cercado a ilha com caças e navios de guerra alguns dias após a tomada de posse de Lai.

O exército taiwanês relata quase diariamente a presença de navios de guerra chineses nas suas águas, assim como de caças e ‘drones’ em redor da ilha.

O “expansionismo militar” da China também é evidente noutros locais, segundo Lai Ching-te, que se referiu às manobras conjuntas de Pequim com a Rússia no Mar do Sul da China, no Pacífico Ocidental e no Mar do Japão.

“Taiwan não se deixará intimidar. Assumiremos a responsabilidade de manter a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan”, afirmou.

Em várias ocasiões, Lai Ching-te propôs que Pequim retomasse o diálogo que foi interrompido após a chegada de Tsai Ing-wen ao poder em 2016, voltando a fazê-lo esta terça-feira: “Taiwan não cederá nem provocará (…). Com base na equidade e na dignidade, estamos prontos para trocar e cooperar com a China”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês reagiu a estas declarações, com a porta-voz da diplomacia de Pequim, Mao Ning, a insistir que Taiwan é “uma parte inalienável do território chinês” e a acusar o Partido Democrático Progressista (DPP) de Lai Ching-te de enganar o público.

“O que quer que digam ou façam, não podem mudar o facto de que ambos os lados do Estreito de Taiwan pertencem a uma só China, nem podem parar a tendência histórica (que é) a reunificação da China”, afirmou a representante.