O Governo italiano e a Stellantis continuam em guerra e não parece que a paz esteja ao virar da esquina. Os ataques à empresa liderada por Carlos Tavares tiveram esta semana nova evolução, com o ministro da Indústria, Adolfo Urso, a ameaçar a Stellantis com o corte de 370 milhões de euros em fundos já prometidos, caso a fábrica de baterias que planearam construir em Itália não se materialize.

À semelhança de outros construtores, a Stellantis desacelerou o investimento nos veículos eléctricos, atrasando ou anulando a instalação de fábricas específicas para modelos com esta tecnologia, destinadas a produzir carros a bateria mais eficientes e mais baratos. Tavares chegou a anunciar a construção de três gigafábricas de baterias, uma delas em França, outra na Alemanha e a terceira na Itália, em Termoli. E é exactamente esta última que está a causar atrito com o Executivo de Giorgia Meloni, uma vez que foi a única das três fábricas previstas cuja construção foi suspensa, o que deixou os governantes à beira de um ataque de nervos.

As relações entre a Stellantis e o Governo italiano começaram a azedar com a redução do investimento na máquina industrial transalpina. E a equipa de Meloni tinha tudo para estar confiante que Itália não seria sacrificada com os cortes no investimento, uma vez que quem tem mais poder na Stellantis é a família italiana Agnelli, que controla 14% do grupo (a família Peugeot possui 7%), além de serem originalmente suas nove das 14 marcas que hoje integram o consórcio, no tempo da FCA, resultante da fusão entre o grupo italiano Fiat e os norte-americanos da Chrysler.

As “alfinetadas” dos responsáveis italianos à Stellantis começaram quando a Alfa Romeo anunciou que o novo e acessível SUV do segmento B, primeiro denominado Milano e depois renomeado Junior, iria ser fabricado fora de Itália, mais precisamente na Polónia. Contudo, esta reacção é estranha, uma vez que o modelo é produzido na mesma fábrica de onde sai o Panda, um dos veículos mais populares da Fiat, ainda antes da FCA e da Stellantis, que sempre foi produzido na Polónia para ser mais barato.

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Ups! Alfa Romeo Milano obrigado a mudar de nome

A deslocalização da fabricação do Alfa Romeo barato para o estrangeiro irritou o Governo, mas não tanto quanto a suspensão da construção da fábrica de baterias em Termoli, o que explica que os governantes tenham impedido o pequeno B-SUV da Alfa de ser denominado Milano, com o argumento de que não poderia utilizar o nome de uma cidade italiana sendo fabricado na Polónia.

Depois do Milano é a vez da bandeira do Fiat Topolino

Alguns dias depois de a Stellantis se ver obrigada a trocar a designação do B-SUV de Milano para Junior, eis que o Governo italiano espetou outra “alfinetada” no grupo automóvel, apreendendo 134 unidades do Fiat Topolino no porto de Livorno, perto de Nápoles, vindos de Marrocos — onde são produzidos, em companhia das versões equivalentes da Citroën (Ami) e da Opel (Rocks Electric) —, por exibirem na lateral uma pequena bandeira italiana com as dimensões de um cigarro, quando na realidade são construídos em África.