Há construtores que vendem poucas unidades por manifesta falta de qualidade do produto ou por as suas especificações serem pouco emocionantes em matéria de potência ou de autonomia, mas este não é o caso da Polestar, cujas vendas continuam abaixo das expectativas, apesar dos trunfos do 2, o único modelo que está disponível no mercado numa fase em que a marca prepara o lançamento em simultâneo do 3 e do 4. Daí que não seja de espantar que o grupo chinês Geely, o maior accionista da Mercedes e dono da Volvo, Lotus e da Polestar, entre muitas outras marcas, tenha decidido trocar o CEO desta sua marca para tentar inverter o rumo da situação.
Para o lugar de Thomas Ingenlath vai Michael Lohscheller, alemão com experiência na gestão de fabricantes de automóveis, tendo sido CEO da Opel durante quatro anos, da VinFast durante cinco meses e da Nikola por um período de um ano e meio, isto depois de ter ocupado cargos menores na Mercedes, Mitsubishi e Volkswagen.
Thomas Ingenlath é um designer que, em 2017, trocou a direcção de estilo da Volvo pelo cargo de CEO da então recém-criada Polestar. Lançado em 2020, o primeiro modelo eléctrico do jovem construtor, o 2, depois das melhorias introduzidas no final de 2022, passou a figurar entre os melhores do seu segmento, em potência (até 476 cv) e em autonomia (até 659 km), o que torna difícil de perceber os motivos do reduzido volume de novos clientes que consegue atrair.
A Bloomberg avançou, no início de 2023, que a Polestar estaria à beira do colapso, conclusão que suportava com factos como as vendas em 2023 não terem ultrapassado as 54.600 unidades, abaixo das 65.000 transaccionadas no ano anterior e sobretudo substancialmente menos do que as 80.000 que tinha previsto. Para complicar ainda mais a situação, o último trimestre de 2023 foi o pior do ano e, nos primeiros três meses de 2024, as vendas globais caíram 40% (a marca comercializou apenas 7200 unidades, o que aponta para cerca de 29.000 carros/ano), o que acabou por empurrar Ingenlath em direcção à porta de saída, mas não antes de a Volvo se livrar da Polestar para não prejudicar o valor das suas acções.
Do novo CEO da Polestar, Michael Lohscheller, espera-se uma estratégia de crescimento palpável, tarefa que pode ser mais simples do que parece. Primeiro, porque aos modelos da marca não faltam argumentos, ainda que o preço seja mais elevado (em média cerca de 10.000€) do que o líder das vendas do segmento. Segundo, porque a marca vai iniciar ainda este ano a venda dos Polestar 3 e 4 nos principais mercados, a que se vão juntar o 5 e o 6 até 2026. E, como se isto não bastasse, Lohscheller tem no currículo uma vasta experiência na gestão de fabricantes de automóveis.