O Partido Popular (PP) espanhol expulsou Antonio Martín Hernández, vereador da Câmara de Ávila, do cargo de autarca após este ter entoado um cântico de apologia à pedofilia e à agressão sexual a menores. O Partido Socialista de Espanha (PSOE) e o Podemos já tinham exigido a destituição imediata do político, descrevendo a intervenção pública como “nojenta” e apologista da “cultura da violação”.

O momento em que o vereador subiu a um palco na festas populares de 25 de agosto e incentivou os presentes a acompanhá-lo enquanto cantava ficou gravado em vídeo, que rapidamente viralizou nas redes sociais e mereceu a condenação dos variados quadrantes da política espanhola.

“Encontrei uma menina sozinha no bosque, peguei-lhe na mão e levei-a para a minha cama. Puxei-lhe a saia para cima e baixei-lhe as cuecas”, ouve-se Hernández a cantar no vídeo. A descrição gráfica prossegue: “Dei-lhe a primeira chávena. Dei-lhe a segunda chávena. Na terceira, já não havia mais leite”.

Pablo Fernandéz, porta-voz e coordenador geral do Podemos em Castela e Leão, partilhou o vídeo este domingo, considerando “intolerável que representantes públicos tenham este tipo de comportamento”.”Uma vergonha. Vergonha. Infâmia“, acrescentou.

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Irene Montero, que até novembro de 2023 foi ministra da Igualdade de Espanha e foi eleita eurodeputada pelo Podemos nas eleições de junho, reagiu no X à intervenção do político, considerando que se trata da  “normalização da violência sexual contra crianças“. E garantiu: “Não, as feministas não foram longe demais. São eles que vão longe demais todos os dias com seu machismo. Mais feminismo do que nunca para conquistar vidas livres de violência para todos.”

O PSOE classificou o vídeo como “nauseabundo” e defendeu que “apelar à pedofilia não é liberdade de expressão”. “Esperemos que Feijóo [líder do PP] dê a ordem [de expulsão] sem perder um minuto”, apelou o partido de Pedro Sánchez em relação ao autarca.

Poucas horas depois, o PP anunciou que o político local vai abandonar o grupo municipal, destacando que não era filiado no partido. “Tendo em conta as ações inaceitáveis do presidente da Câmara de Ávila, Antonio Martín, que não é membro do Partido Popular, vai abandonar o grupo municipal do PP. Reiteramos o nosso compromisso contra qualquer atitude vexatória contra as mulheres e os menores”, lê-se no comunicado emitido pelo partido esta segunda-feira, citado pelo El País.

No site da Câmara Municipal de Ávila, o nome e fotografia de Antonio Martín Hernández já foram entretanto removidos do grupo do executivo municipal.