Luís Montenegro não deixa cair Miguel Pinto Luz. Apesar das conclusões da auditoria da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) ao processo de privatização da TAP (em 2015) e das duras críticas da oposição, o primeiro-ministro aproveitou uma ação de campanha interna, em Lisboa, para garantir que mantém a confiança no seu ministro das Infraestruturas e Habitação e vice-presidente do PSD.

Em declarações aos jornalistas, à chegada a um encontro com militantes do PSD, Montenegro fez questão de sublinhar que espera chegar a 2028, último ano desta legislatura, com todos os “membros do Governo a bordo”. Perante a insistência da comunicação social, o social-democrata garantiu que o lugar do ministro não está em causa. “Miguel Pinto Luz está fortalecido pelo excelente trabalho que tem feito.”

Quanto ao conteúdo do relatório da IGF, que veio levantar suspeitas em relação a um conjunto de irregularidades no processo de venda da TAP a David Neeleman, politicamente conduzido por Maria Luís Albuquerque e Miguel Pinto Luz, então ministra das Finanças e secretário de Estado dos Transportes, respetivamente, Montenegro não se alongou em grandes comentários, limitando-se a dizer que este “relatório não acrescenta novidades [em relação ao que já se sabia] e vai ser agora apreciado pelas autoridades competentes”.

Recorde-se que o relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) às contas da TAP admitiu suspeitas de crime na privatização da companhia aérea, em 2015, e na gestão de David Neelman e Humberto Pedrosa, pelo que a IGF considera que o relatório deve ser enviado ao Ministério Público.

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A IGF conclui pela ligação entre os fundos Airbus e a capitalização da TAP por Neeleman e ainda realçou que “não se encontra demonstrada a racionalidade económica da decisão da administração da TAP SGPS de participar no negócio da VEM/TAP ME Brasil”.

Na primeira reação às conclusões do relatório, Miguel Pinto Luz apareceu a garantir que a venda da TAP tinha decorrido de forma totalmente transparente, mas colocou, mesmo assim, o seu futuro político nas mãos do primeiro-ministro.

IGF conclui que Neeleman comprou TAP através de contrato com Airbus e questiona negócio no Brasil