O Governo norte-americano condenou esta terça-feira a ordem de prisão “injustificada” emitida contra o líder da oposição na Venezuela, Edmundo González Urrutia, admitindo reagir contra o governo de Nicolas Maduro.
“Em vez de reconhecer a derrota eleitoral e preparar uma transição política na Venezuela, [Nicolás] Maduro ordenou agora a detenção do líder democrático que venceu esmagadoramente nas urnas”, lamentou nas redes sociais o responsável pelos Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, Brian A. Nichols.
En lugar de reconocer su derrota electoral y prepararse para una transición pacífica en Venezuela, Maduro ha ordenado ahora el arresto del líder democrático que lo derrotó abrumadoramente en las urnas. Edmundo González ha promovido la reconciliación nacional, y nos sumamos a la… https://t.co/SHZsBFNOkx
— Embajada de los EE.UU., Venezuela (@usembassyve) September 3, 2024
Nichols sublinhou que Urrutia “promoveu a reconciliação nacional”, razão pela qual Washington se junta à “lista crescente de parceiros internacionais” que condenaram o mandado de captura.
O porta-voz da segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, avançou, por seu lado, que os EUA estão a considerar que ações tomar contra o governo de Maduro.
“Em coordenação com os nossos parceiros, estamos a considerar uma diversidade de opções para demonstrar ao Sr. Maduro e aos seus representantes que as suas ações na Venezuela terão consequências”, afirmou aos jornalistas, um dia depois de a justiça venezuelana ter emitido um mandado de captura contra o candidato da oposição às eleições presidenciais.
O paradeiro de Urrutia é desconhecido.
O Ministério Público venezuelano, controlado pelo chavismo, acusou González de uma série de crimes relacionados com a divulgação na internet de documentos que provariam a derrota eleitoral de Maduro na ida às urnas de julho.
O Ministério Público já havia alertado que, se o líder da oposição não comparecesse na sexta-feira para a terceira convocatória, iria ordenar a sua prisão.
Portugal, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, caracterizou como “muito preocupante” a ordem de detenção emitida, já que “atenta contra os direitos fundamentais e representa um sério revés na procura de uma solução democrática, pacífica e duradoura, que permita a normalização da vida política venezuelana”.
Nove países da América Latina também criticaram esta terça-feira a ordem de detenção, referindo estar em curso uma “perseguição política”.
“Este mandado de detenção cita vários alegados crimes que não são mais do que mais uma tentativa de silenciar o senhor González [e] ignorar a vontade popular venezuelana”, indica um comunicado emitido pelos nove países.
O texto é subscrito por Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.
Também a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que reina na Venezuela um clima de medo, uma vez que há detenções por as pessoas expressarem ideias ou por quererem participar na vida política.
“O que estamos a ver na Venezuela é uma situação muito lamentável, na qual as pessoas estão a ser detidas por exercerem o seu direito à participação política, à liberdade de expressão ou à liberdade de reunião“, afirmou a porta-voz Ravina Shamdasani, do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, quando questionada sobre o mandado de prisão contra o líder da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia.