Poucos minutos depois de Lucília Gago ter entrado na sala 6 das comissões parlamentares da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco entrou e sentou-se no topo oposto, causando estranheza entre os restantes deputados. O presidente do Parlamento assistiu à audição da Procuradora Geral da República depois de ter pedido a sua presença na Assembleia e ter criticado o timing da entrevista à RTP.

Ao Observador, o gabinete do presidente da Assembleia da República justifica a presença com a “defesa, ao longo dos últimos anos e em diferentes funções, da audição da Procuradora Geral da República no Parlamento”. “[Aguiar-Branco] não quis deixar de assistir na qualidade de deputado”, informa a mesma fonte.

Em abril deste ano, em entrevista à Antena 1, Aguiar Branco defendeu a presença da Procuradora Geral da República no Parlamento “para evitar criar um clima de suspeição“. Mais tarde, o antigo ministro da Justiça criticou a entrevista de Lucília Gago à RTP, sugerindo que “deveria ter falado primeiro no Parlamento” e aos deputados.

Na altura, Aguiar Branco acrescentou que a Assembleia da República é “o lugar por expressão de maior dignidade nos órgãos de soberania” e “o local onde estão os representantes do povo”, recordando que ,”no passado, outros procuradores responderam às perguntas”.

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Apesar de ter marcado presença no arranque dos trabalhos, o presidente da Assembleia acabou por não ouvir a maior parte das respostas de Lucília Gago, tendo saído para marcar presença na Conferência de Líderes, que estava também marcada para esta manhã.

A presença de Aguiar-Branco apanhou desprevenidos os restantes deputados, tendo em conta que é raro ver um presidente da Assembleia da República assistir a comissões parlamentares — é habitual estar presente apenas na tomada de posse, como acontece também nas comissões de inquérito.

Aguiar-Branco defende que Lucília Gago deveria ter falado primeiro no parlamento e mais cedo