A Inteligência Artificial (IA) teve pouca influência em eleições, mas está a ser usada com eficácia para combater a desinformação e conteúdos ofensivos, afirmou esta quinta-feira o presidente dos assuntos internacionais da Meta, Nick Clegg.

Durante um evento organizado pelo centro de estudos britânico Chatham House sobre o tema “Poderá a democracia sobreviver ao ritmo da tecnologia?”, o responsável do grupo que inclui as redes sociais Facebook, Instagram e WhatsApp, desvalorizou na quinta-feira o impacto da IA.

“Até agora, é impressionante o pouco efeito que a IA tem tido a nível sistémico em qualquer uma das eleições”, afirmou o antigo vice-primeiro-ministro britânico (2010-2015), invocando um estudo publicado pela universidade norte-americana Massachusetts Institute of Technology (MIT) no início de setembro.

Pelo contrário, vincou, “as empresas tecnológicas consideram a IA como uma espada e um escudo” porque se tornou “a ferramenta mais poderosa para identificar conteúdos negativos e impedir a sua disseminação”.

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Segundo Clegg, os conteúdos com discurso de ódio foram reduzidos no Facebook em mais de 50% nos últimos dois ou três anos para apenas cerca de 0,02% do total graças a filtros automáticos de AI.

Outro exemplo que deu foi a remoção automática de 99,8% conteúdo relacionado com o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) “antes de ser denunciado”.

“Os avanços na proteção da segurança das pessoas na Internet, na tentativa de defesa contra a interferência estrangeira nas eleições, [contra] a disseminação de desinformação, são uma batalha travada através da AI. E, invariavelmente, os maiores avanços são feitos através da AI”, argumentou.

O responsável da Meta adiantou que os conteúdos políticos representam menos de 3% do total no Facebook e Instagram por vontade dos utilizadores.

Nick Clegg admitiu que existe uma grande pressão para um maior controlo dos conteúdos políticos, sobretudo nos Estados Unidos, mas garantiu que os verificadores de factos da Meta não analisam conteúdo nem os discursos de candidatos.

“Não vamos começar a ser um árbitro de discursos políticos por candidatos políticos, não é o nosso papel. As pessoas queixam-se do excesso de poder destas plataformas, imaginem se começássemos a editar” o que os políticos dizem, alegou.

“No fim de contas, uma empresa tecnológica não deve meter-se entre o que os políticos e os eleitores dizem em democracia”, justificou.