O fim da janela de mercado do Sporting trouxe Maxi Araújo e Conrad Harder e fechou a novela de Ioannidis, que acabou por ficar no Panathinaikos e não reforçou o ataque leonino. Ou seja, a equipa de Rúben Amorim manteve Gonçalo Inácio, Hjulmand e Gyökeres, os três titulares mais atraentes para o mercado estrangeiro, e agarrou o reinício da Primeira Liga na liderança isolada da classificação e com a certeza de que não tinha perdido nenhuma trave-mestra.

A tudo isto, nos últimos dias, juntou-se o terceiro exercício financeiro positivo do Sporting, o reafirmar consecutivo da cláusula de Gyökeres e até a ideia de que a SAD leonina pode albergar um parceiro estratégico para alavancar outro nível de investimento. Tudo explicado por Frederico Varandas, no Thinking Football Summit da Liga Portugal, onde o presidente dos leões ainda acrescentou que o clube está atualmente num momento a que gostava de ter assistido quando era mais novo.

Ficha de jogo

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Arouca-Sporting, 0-3

5.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Municipal de Arouca, em Arouca

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

Arouca: Nico Mantl, Tiago Esgaio, José Fontán (Pedro Santos, 86′), Chico Lamba, Amadou Dante (Güven Yalçın, 75′), David Simão (Boris Popovic, 86′), Loum, Ivo Rodrigues (Morlaye Sylla, 45′), Taichi Fukui, Jason, Marozau (Alfonso Trezza, 45′)

Suplentes não utilizados: Thiago Rodrigues, Pablo Gozálbez, Weverson, Alex Pinto

Treinador: Gonzalo García

Sporting: Franco Israel, Debast, Matheus Reis (Diomande, 75′), Gonçalo Inácio, Geovany Quenda (Maxi Araújo, 78′), Hjulmand (Morita, 78′), Daniel Bragança, Nuno Santos (Geny Catamo, 75′), Trincão (Marcus Edwards, 83′), Gyökeres, Pedro Gonçalves

Suplentes não utilizados: Diego Callai, Morita, Conrad Harder, Iván Fresneda, Eduardo Quaresma

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Pedro Gonçalves (24′), Gyökeres (gp, 73′), Trincão (80′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Morlaye Sylla (54′), a José Fontán (60′), a Loum (90+7′)

“Gostaria de ter crescido, enquanto criança, adolescente, com um Sporting assim. Não vou mentir. Não me recordo de ver um Sporting com esta pujança, com esta força e esta organização. E acho que isso se nota no dia a dia, nota-se nas crianças, nota-se nos nossos adeptos”, disse Varandas, assumindo o objetivo do bicampeonato e recordando a ideia de que há seis anos, quando assumiu a presidência leonina, esse sonho seria “uma loucura”.

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Ora, era neste contexto que o Sporting visitava esta sexta-feira o Arouca, a dias do arranque da Liga dos Campeões em Alvalade contra o Arouca e com o objetivo de manter a liderança isolada do Campeonato. Rúben Amorim não podia contar com Kovacevic por lesão e lançava Franco Israel na baliza e aproveitava para fazer mais poupanças, deixando Diomande, Quaresma, Morita no banco e apostando em Debast, Matheus Reis e Daniel Bragança, com Nuno Santos ao invés de Geny Catamo na ala esquerda. Do outro lado, num Arouca com apenas uma vitória em quatro jornadas, Gonzalo García lançava Morozov enquanto referência ofensiva.

O jogo começou desde logo com uma oportunidade de golo e não necessariamente na baliza mais expectável. Logo nos instantes iniciais, Jason recebeu em profundidade e apareceu a rematar na área, com a bola a passar por cima da baliza de Franco Israel (1′). O Sporting reagiu rápido, com Gyökeres a atirar rasteiro para as mãos de Nico Mantl (3′), e depressa se percebeu que os leões não iam permitir mais aventuras ao adversário.

A equipa de Rúben Amorim assentou arraiais no meio-campo oposto, com muita gente no último terço do Arouca e um caudal ofensivo muito intenso, mas não tinha grande capacidade para rematar à baliza e via muitas tentativas de pontapé a esbarrarem na autêntica muralha montada pelos arouquenses nas imediações da área de Mantl. Quenda fez isso mesmo (17′), com Gyökeres a rematar para nova defesa simples de Mantl pouco depois (19′), mas a resistência acabou por quebrar.

Ainda antes da meia-hora, Trincão desequilibrou na direita, ganhou um ressalto na área e cruzou já perto da linha de fundo, com Pedro Gonçalves a não precisar sequer de tirar os pés do chão para cabecear e abrir o marcador (24′). O Arouca reagiu ligeiramente depois do golo sofrido, resgatando alguma posse de bola e surgindo com maior frequência no meio-campo leonino, mas as melhores oportunidades da primeira continuaram a pertencer ao Sporting, com Pedro Gonçalves a rematar por cima (36′) e Daniel Bragança a obrigar Mantl a uma defesa apertada (43′).

Mesmo à beira do intervalo, Gonçalo Inácio apareceu ao segundo poste a cabecear para uma defesa atenta de Mantl (45+2′) e o lance acabou por ser a imagem de um primeiro tempo em que o Sporting dominou por completo, mas não conseguiu capitalizar todo o caudal ofensivo e teve até poucas oportunidades para tudo o que criou. Do outro lado, o Arouca teria de fazer muito mais para discutir sequer o resultado.

Gonzalo García mexeu logo ao intervalo e fez duas substituições, trocando Ivo Rodrigues e Marozau por Sylla e Alfonso Trezza, e este último assumiu desde logo o primeiro lance de perigo da segunda parte com um remate de fora de área que Franco Israel encaixou (50′). Ainda assim, a lógica do jogo mantinha-se, com o Sporting a ter mais bola e a estar quase sempre inserido no meio-campo do Arouca, mas sem enorme capacidade de criar situações de finalização.

A equipa da casa foi arriscando mais, apostando em transições mais consistentes e formuladas com mais elementos que ainda acreditavam no empate. Contudo, em sentido oposto, o Sporting jogava de forma estratégica e lançava-se em passes longos e contra-ataques — e foi precisamente assim que até chegou ao golo, com Loum a desviar para a própria baliza (62′), mas o lance foi anulado por fora de jogo de Nuno Santos num momento anterior da jogada.

O segundo golo, porém, apareceu logo depois. Fukui intercetou um cabeceamento de Pedro Gonçalves com a mão na grande área, João Pinheiro foi chamado ao VAR e assinalou grande penalidade, com Gyökeres a converter o penálti para aumentar a vantagem e chegar ao oitavo golo no Campeonato (73′). Rúben Amorim mexeu logo depois, trocando Matheus Reis e Nuno Santos por Diomande e Geny Catamo, e voltou a mexer após minutos para estrear Maxi Araújo e lançar Morita, colocando o reforço na esquerda e Catamo na direita.

Até ao fim, Trincão ainda teve tempo para fazer o melhor golo do jogo, ao ultrapassar dois adversários antes de rematar já na área para fechar a partida (80′). O Sporting venceu o Arouca e garantiu a manutenção da liderança isolada da Primeira Liga, com cinco jornadas em cinco vitórias, e ainda teve tempo e espaço para gerir esforços antes do arranque da Liga dos Campeões. E Francisco Trincão, com mais um golo e mais uma assistência, continua a ser um dos principais responsáveis pela concretização dos sonhos que o Frederico Varandas adolescente deixou por realizar.