A Aston Martin produz veículos de estrada fabulosos, simultaneamente potentes e luxuosos, tanto em formato coupé como SUV, mas não é isso que esta semana foi notícia. As novidades aconteceram ao nível que representa o construtor na F1, que é um team de meio da tabela e deseja urgentemente evoluir para a primeira linha da grelha de partida. Depois de reunir os fundos necessários para poder lutar pela vitória e um piloto reputado, como Fernando Alonso, a Aston Martin Aramco F1 Team, assim é a denominação oficial da equipa de F1 do construtor, necessitava de um engenheiro de topo para conceber o próximo fórmula da equipa. E conseguiu contratar Adrian Newey, um britânico de 65 anos e 44 de carreira.
Newey é o técnico mais venerado — por ser o mais vitorioso — da disciplina máxima da competição automóvel. Os seus carros já conquistaram 25 Campeonatos do Mundo e 200 vitórias em corridas e se nos últimos 18 anos foi o chief technical officer da Red Bull, equipa que catapultou de um team do meio da tabela para a equipa com o maior número de sucessos nas últimas quase duas décadas, Adrian Newey resolveu anunciar a saída da equipa austríaca em Maio de 2024. Sabe-se agora que assinou pela Aston Martin.
Na corrida para contratar Newey estavam também a Ferrari, McLaren, Alpine e a Williams, mas o técnico inglês preferiu a Aston Martin, também ela uma equipa do meio da tabela, à semelhança do que acontecia com a Red Bull em 2006, quando Adrian Newey começou a projectar os seus fórmulas. Além do factor desafio, que tanto parece agradar ao prestigiado técnico, deverá ter desempenhado um factor importante o facto de a Aston Martin oferecer a segunda posição da equipa (como managing technical partner), reportando apenas a Lawrence Stroll, o administrador do construtor e da equipa. Simultaneamente, a marca britânica ofereceu-lhe acções na empresa e… um salário de 30 milhões de libras por ano.
Começar de novo e com Honda em vez da Mercedes
Além da parte monetária e de não ter de reportar a um director de equipa como o polémico Christian Horner, que dirigia a Red Bull, Newey tem pela frente tudo aquilo que o motiva. Além de tentar melhorar o carro de 2025, vai sobretudo começar já a trabalhar no carro de 2026, que será regido por um novo regulamento técnico, o que coloca todas as equipas em igualdade de condições e no ponto zero do desenvolvimento.
Simultaneamente, também o regulamento dos motores vai ser alterado, o que para a Aston Martin representará um desafio adicional, uma vez que a sua equipa vai deixar de trabalhar com a Mercedes e iniciar a colaboração com a Honda, que já está a desenvolver desde há alguns meses a nova unidade motriz. E é bom recordar que Newey e a Honda já trabalharam em conjunto na Red Bull desde 2021, o que agiliza a optimização da colaboração para 2026.
Quem não apreciou a passagem de Adrian Newey para a Aston Martin foi a Red Bull e, em particular, Horner, que não resistiu a criticar o anúncio do contrato do seu ainda engenheiro-chefe, embora este já tivesse anunciado em Maio que iria abandonar a Red Bull no final da época, que encerra a 8 de Dezembro em Abu Dhabi. A Red Bull foi mesmo ao ponto de afirmar que Newey iria deixar de trabalhar nos carros de F1, inclusivamente este que está a permitir à Red Bull liderar o campeonato de 2024 com Max Verstappen, pelo que não é de espantar que Newey, já sem relação com a equipa de F1 onde trabalha há 18 anos, se tenha sentido à vontade para anunciar o seu novo posto de trabalho.
Em parte percebe-se as razões para esta “azia” da Red Bull em relação à saída do seu técnico, que concebeu o carro actual e foi afastado sem cerimónia em Maio, assim que revelou que não queria continuar a suportar Horner e a sua forma de dirigir a equipa. O trabalho que Newey deixou feito permitiu ainda que a equipa continuasse a vencer depois do afastamento do engenheiro, em Maio, mas a realidade é que, passado apenas um mês, os Red Bull deixaram de vencer e, até Setembro, não se registaram grandes melhorias…