Um debate entre os candidatos à prefeitura (câmara municipal) de São Paulo, no Brasil, foi marcado por agressões e teve de ser interrompido este domingo à noite. José Luiz Datena, do Partido Social Democracia Brasileira (PSDB), agrediu com uma cadeira um dos adversários, Pablo Marçal, do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), após uma troca de acusações.

As imagens da TV Cultura, que estão disponíveis online, mostram que a agressão aconteceu poucos minutos depois de Pablo Marçal ter questionado José Luiz Datena sobre quando é que pararia com a “palhaçada” e desistiria da candidatura. Daterna não respondeu diretamente à pergunta, optando por recuperar uma menção feita pelo adversário a uma acusação de assédio sexual de que foi alvo anteriormente (em 2019). “A acusação que você fez sobre mim, não foi investigada porque não havia provas. Foi arquivada pelo Ministério Público. Chegou a provocar a morte da minha sogra”, começou por dizer.

Ainda durante o “contra-ataque”, José Luiz Datena disse que “quem é bandido, acusado, condenado, quer mentir sobre o seu passado” é Pablo Marçal, que, provocou, continua a ser um “ladrãozinho de banco”. A acusação é uma alusão a um esquema que levou o adversário a ser condenado em primeira instância por furto qualificado há 14 anos. De acordo com a Globo, a pena foi suspensa porque o processo prescreveu.

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Quando voltou a ter a palavra, Pablo Marçal disse que o rival não sabia o que estava a fazer no debate e acusou-o de o querer agredir num outro debate, da TV Gazeta, que se realizou no começo de setembro. “Você não respondeu à pergunta. A gente quer saber. Você é um arregão [cobarde, em português de Portugal]. Você atravessou o debate esses dias para me dar tapa e falou que queria ter feito. Não é homem nem para fazer isso. Não é homem”, provocou Marçal, segundos antes de ser agredido com uma cadeira.

A emissão foi interrompida e retomada após alguns minutos, com o moderador a informar que José Luiz Datena tinha sido expulso do debate por causa da agressão. Por sua vez, Pablo Marçal teve de ser transportado para o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, por suspeitas de fratura numa costela e por estar com dificuldades em respirar. “É lamentável que o debate tenha continuado, mesmo sem a presença do candidato agredido”, disse a assessoria do candidato, que deverá ter alta esta segunda-feira, numa nota que é citada pela CNN Brasil.

Após o intervalo, o debate continuou com os restantes candidatos: Ricardo Nunes (Movimento Democrático Brasileiro), Guilherme Boulos (Partido Socialismo e Liberdade), Tabata Amaral (Partido Socialista Brasileiro) e Marina Helena (Novo). À saída da TV Cultura, José Luiz Datena disse que “perdeu a cabeça” ao lembrar-se da morte da sogra, “uma segunda mãe” para si, na sequência de uma denúncia de assédio sexual contra ele.

Tenho a certeza que a minha sogra morreu por causa disso, porque foi num momento em que ela ouviu que havia esse processo e ela teve o primeiro AVC logo de seguida. Eu senti tudo isso a voltar à minha cabeça e, na verdade, não pude conter-me. Estou errado? Estou. Mas fazer o quê? Já foi”, afirmou.

Daterna disse ainda que Pablo Marçal “merecia uma verdade, uma reprimenda, não sei se desse jeito… mas alguma coisa parecida”. “Ele é um cobarde e mereceu o que aconteceu”, concluiu.

Por sua vez, a TV Cultura lamentou o incidente e salientou que “todas as providências foram tomadas, de acordo com as regras estabelecidas previamente”, e que o debate foi “mantido mediante consulta e concordância dos demais candidatos”.

Segundo a CNN, no dia 1 de setembro, os dois candidatos já tinham trocado acesas acusações num outro debate, da TV Gazeta, com Daterna a sair do púlpito em que estava posicionado e a marchar em direção a Marçal, antes de ser travado pela moderadora. Depois deste episódio, Daterna ligou ao rival para “marcar um café” e “fazer as pazes”, mas o convite foi recusado.