Intitulada Black Ancient Futures, a exposição coletiva reúne artistas lusófonos e de outras nacionalidades da diáspora africana que refletem sobre a possibilidade de espaços favoráveis a utopias e novas leituras da justiça racial e histórica.

Na mesma altura, abrem ao público outras duas exposições no MAAT: O mundo inteiro é um palco, sobre a obra do artista norte-americano William Klein (1926-2022), e Inverted on us, da artista Catarina Dias.

Baloji, April Bey, Jeannette Ehlers, Lungiswa Gqunta, Evan Ifekoya, Kiluanji Kia Henda, Nolan Oswald Dennis, Gabriel Massan, Jota Mombaça, Sandra Mujinga e Tabita Rezaire são os artistas participantes na exposição Black Ancient Futures, com curadoria de João Pinharanda, diretor artístico do MAAT, e Camila Maissune.

“A ideia inicial foi trazer artistas que nunca expuseram em Portugal ou apresentaram obras em coletivas de pequena dimensão. Aqui foi dado a cada artista uma área especifica bastante extensa que dá a possibilidade de o visitante imergir nas instalações com mais espaço”, disse João Pinharanda, numa visita guiada para jornalistas, hoje realizada.

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A exposição abre com a obra de The Welkome (2022), da artista nigeriana Evan Ifekoya, propositadamente colocada na entrada “para dar um sentido de boas-vindas ao visitante”.

A instalação — que coloca um repositório com água no interior cuja ondulação é reproduzida através de luz no teto — “é uma metáfora sobre a abertura, limpeza e transformação”, explicou a artista, acrescentando que a peça “está carregada de uma simbologia” que faz referência a conceitos de espiritualidade e cosmologia dos seus antepassados.

Ao lado, uma instalação do artista brasileiro Gabriel Massan, intitulada Third World: the Bottom Dimension (2023), mostra o resultado de um trabalho de três anos dedicado à pesquisa e criação de um jogo de vídeo que assume uma crítica à forma como os utilizadores navegam nestes entretenimentos: “Os usuários agem como colonizadores, achando que os mundos onde navegam é que se devem adaptar aos humanos”.

João Pinharanda sublinhou que os artistas selecionados para esta exposição são africanos ou de origem africana, maioritariamente nascidos fora de África.

“A ideia de diáspora é muito importante em Black Ancient Futures, e também a forma como estes artistas se integram no contexto contemporâneo, com o que têm de especial para serem tratados desta maneira, dispondo de um espaço alargado de exposição que lhes é inteiramente dedicado”, vincou sobre a mostra que se alarga desde o MAAT Central, a Galeria e os jardins.

O diretor artístico do MAAT e a curadora Camila Maissune admitiram que levaram muito tempo a encontrar um título para esta exposição, para “não cair em lugares-comuns”.

“Não queríamos colocar África, africano ou a diáspora africana no titulo da exposição para evitar a ideia de que estamos aqui a fazer uma reivindicação qualquer, ou uma espécie de ajuste de contas com qualquer coisa”, elucidou João Pinharanda.

O objetivo, sublinhou, foi “sair dessa situação negativa e aproximar a exposição de algo positivo, de esperançoso, de grande abertura, abundância e felicidade”.

Por seu lado, Camila Maissune disse que sentiu a necessidade de “fugir de narrativas que remetem sempre África ou a diáspora africana para um lugar pesado, de escassez ou de falta”.

“São artistas de uma nova geração que se propõem pensar passados, presentes e futuros alternativos baseados na abundância, mas sem esquecer a ferida histórica de um passado colonial, que não se apaga”, acentuou.

Black Ancient Futures ficará patente no MAAT até março de 2025.